29 de abril de 2025

Sirius: acelerador de partículas brasileiro será usado para analisar rochas do pré-sal

O acelerador Sirius vai auxiliar pesquisadores na análise de rochas do pré-sal, contribuindo para otimizar o processo de geração de imagens 3D das amostras extraídas do fundo do mar. Detalhes da parceria entre a Petrobras e o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) foram revelados na última semana.

Segundo a organização vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), a utilização do acelerador de partículas permitirá uma série de avanços na exploração das pesquisas em óleo e gás. Para tanto, foi desenvolvida uma microestação na linha Mogno, uma linha de luz de micro e nano imagem.

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Equipe de trabalho na microestação. (Imagem: CNPEM/Divulgação)

Usando técnicas avançadas de tomografia, a iniciativa vai criar imagens tridimensionais para investigar as estruturas internas de diferentes materiais de forma não invasiva, em variadas escalas, com zoom contínuo e possibilidade de alcançar a resolução de 200 nanômetros. Além disso, o projeto diminuirá o tempo de análise do material.

Conjunto de rochas carbonáticas que se formaram há mais de 100 milhões de anos, as reservas petrolíferas do pré-sal se localizam abaixo de uma camada de rocha salina no fundo do mar, em grande profundidade. As amostras recolhidas de lá também poderão ser submetidas a diferentes condições térmicas, mecânicas e químicas para verificação em tempo real das alterações.

Conhecendo melhor os reservatórios de petróleo

A partir da instalação da microestação na linha de luz Mogno, o projeto será capaz de receber até 88 amostras por vez, trocando-as automaticamente enquanto a micromotomografia 3D é realizada. Usando a tecnologia, a Petrobras quer criar um banco de dados digital de rochas, aumentando o conhecimento sobre os reservatórios petrolíferos.

Esse conjunto de informações será associado a algoritmos, com a inteligência artificial contribuindo para identificar as estruturas geológicas e simular o processo de recuperação do óleo no interior das rochas. Além disso, os pesquisadores poderão fazer simulações para prever a dinâmica de exploração dos reservatórios e fornecer os dados para outros experimentos.

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O projeto já realizou as primeiras experiências. (Imagem: CNPEM/Divulgação)

Segundo o CNPEM, as primeiras medições na linha Mogno ocorreram em novembro de 2024, envolvendo o uso de amostras de poços do pré-sal. Desde então, a equipe trabalha no pós-processamento dos dados, que formarão as imagens tridimensionais das rochas.

No momento, a microestação funciona na modalidade de “comissionamento científico”. Projetos de pesquisa interessados em utilizar a novidade deverão se inscrever na próxima chamada de propostas para usar o Sirius, ainda este ano, com a iniciativa sendo liberada para a comunidade científica a partir de 2026.

O que é o acelerador Sirius?

Instalado em Campinas (SP), o Sirius é um acelerador de partículas capaz de produzir um tipo especial de luz, chamado síncroton, utilizada para investigar a composição e a estrutura da matéria em suas variadas formas. O equipamento foi inaugurado em 2018 ao custo de R$ 1,8 bilhão.

Diferente do Grande Colisor de Hádrons (LHC) que fica na Suíça e objetiva investigar o núcleo dos átomos, o acelerador de partículas brasileiro acelera elétrons próximo à velocidade da luz com o processo levando à luz síncroton. Ao usá-la, os pesquisadores podem realizar análises baseadas no amplo espectro de radiações que a compõem e no seu alto brilho para investigações em escala nanométrica.

Com capacidade para atender milhares de pesquisas anualmente, o Sirius contribui para o desenvolvimento de novos medicamentos e tratamentos, fontes renováveis de energia, novos fertilizantes e soluções inovadoras para a agricultura, entre outros projetos.

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