Prestes a completar cem dias do segundo mandato, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse estar “se divertindo como nunca” no cargo. Em entrevista publicada nesta segunda-feira, 28, pela revista The Atlantic, o republicano afirmou que, desta vez, governa com liberdade total. “Na primeira vez, eu tinha duas coisas a fazer: governar o país e sobreviver; eu tinha todos esses caras corruptos”, declarou. “E na segunda vez, eu governo o país e o mundo.”
O presidente demonstrou entusiasmo ao listar suas ações nos primeiros meses do novo governo. Em pouco mais de dois meses, Trump eliminou programas de diversidade, demitiu reguladores, reduziu o tamanho de agências federais e concedeu clemência a quase 1.600 apoiadores envolvidos na invasão do Capitólio, em 2021 — entre eles, criminosos flagrados agredindo policiais. Pelo menos 98 decretos já foram assinados, 26 deles apenas no dia da posse.
A ofensiva de Trump também atravessou fronteiras, com a imposição de tarifas agressivas que desestabilizaram os mercados financeiros e acirraram tensões diplomáticas. O presidente não poupou sequer aliados históricos, ele acusou a Ucrânia de “falta de gratidão” e teceu elogios públicos ao líder russo, a quem chamou de “muito inteligente”. O gesto provocou pânico nas capitais europeias e levou a Otan, pela primeira vez desde 1945, a elaborar planos de defesa independentes, sem contar com o guarda-chuva de proteção americana.
Durante a conversa com The Atlantic, Trump também comentou sobre a possibilidade de um terceiro mandato, apesar da proibição imposta pela 22ª Emenda da Constituição. “Bem, talvez eu esteja apenas tentando me destruir”, disse. “Não é algo que eu esteja procurando fazer. E acho que seria algo muito difícil de fazer.” Apesar disso, a Trump Organization já começou a vender bonés “Trump 2028”, aumentando a especulação sobre suas intenções.
A entrevista à The Atlantic também expôs o primeiro grande tropeço da nova administração, o chamado Signalgate. Em um erro interno, um grupo de altos funcionários — incluindo o vice-presidente J.D. Vance — compartilhou acidentalmente planos secretos de operações militares no Iêmen com um editor da revista. As operações foram deflagradas horas depois, sem confirmação oficial da Casa Branca.
O presidente também comemorou o apoio da elite bilionária americana. Disse que, desta vez, sente “um nível maior de respeito” e citou nomes como Jeff Bezos e Mark Zuckerberg, com quem selou a paz após anos de antagonismo.
Provocador como sempre, Trump anunciou na semana anterior, via Truth Social, que daria a entrevista “como um experimento”, para testar se a Atlantic seria capaz de ser “verdadeira”.
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