Todas as vezes que um papa morre — ou renuncia ao cargo–, os cardeais se reúnem a portas fechadas para a realização do conclave, que em latim significa literalmente “com chave”, ou seja, algum ambiente totalmente fechado. O ritual ocorre há oito séculos em Roma. Logo após o enterro do papa Francisco, neste sábado, 26, a Igreja Católica instituiu um luto de nove dias, quando deve começar a eleição do novo pontífice, ou seja, por volta do dia 5 de maio. Mas a data oficial do anúncio do novo líder religioso ainda é incerta.
O Colégio de Cardeais é formado por 252 religiosos. Pelas regras da Igreja Católica, somente os cardeais ‘menores’ de 80 anos participam da eleição e somente 135 deles devem votar no conclave. Sete dos oito cardeais brasileiros estão na lista dos que podem ajudar a eleger o novo papa.
Os sete brasileiros que estão aptos a votar na escolha do novo papa são: o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Jaime Sprengler; e os arcebispos Sérgio Rocha, de Salvador; Odílio Scherer, de São Paulo; Orani Tempesta, do Rio; Leonardo Ulrich Steiner, de Manaus; e João Braz de Aviz e Paulo Cezar Costa, Brasília.
Não se sabe ainda qual será o perfil do novo papa, mas tudo indica que será parecido com o de Francisco, que abriu as portas da igreja para a diversidade, a exclusão e a pobreza. Os nomes de dois brasileiros são mencionados nas bolsas de aposta no Vaticano, os dos cardeais Leonardo Ulrich Steiner e de Sérgio da Rocha.
Como funciona o conclave?
De acordo com as regras da Igreja Católica, os cardeais podem fazer até quatro votações por dia, sendo duas pela manhã e duas à tarde. Caso não haja um escolhido após três dias, os padres estão liberados para fazer uma pausa de 24h para orações. Outra pausa pode ser convocada caso haja mais de votações sem um eleito.
Se por um acaso nenhum nome for escolhido após 34 votações sem consenso, os dois padres mais votados até o momento disputarão um segundo turno, mas ainda assim dois terços do Colégio precisam chegar ao consenso de um único cardeal para ser nomeado o novo pontífice.
Disputa para escolha do novo papa deve ser acirrada
Mas a disputa para a escolha do novo papa tende a ser acirrada. Vários outros nomes aparecem na lista de cotados ao cargo. Se dependesse de Francisco, o novo papa teria o perfil parecido com o do cardeal Peter Turkson, de Gana, que é arcebispo de Costa do Cabo. É um dos mais antenados com a pobreza, direitos humanos e questões climáticas. Turkson é conhecido por ser tão progressista quanto Francisco.
Da França, o nome mais comentado é o do cardel Jean-Marc Aveline, arcebispo de Marselha. Na Itália, um dos nomes que apareceram no noticiário como forte na disputa é o atual secretário de Estado do Vaticano, o cardeal Pietro Parolin. O cargo dele é o segundo mais importante na hierarquia do Vaticano. Parolin foi o primeiro cardeal nomeado por Francisco.
Também da Itália, outro cardeal com chances de virar papa é Matteo Mariz Zuppi, arcebispo de Bolonha, outro que foi nomeado por Francisco. Há outro italiano forte na disputa: o cardeal Pierbattista Pizzaballa, que foi nomeado patriarca latino de Jerusalém. Ele recebeu elogios no Vaticano por pregar o diálogo entre judeus, muçulmanos e cristãos, tão necessário nesta época de extremismos religiosos. Também na disputa aparece o nome do filipino Luis Antonio Tagle, arcebispo de Manila. Da Hungia, surgiu o nome do arcebispo de Esztergom-Budapeste Péter Erdo.
Quais são os próximos passos no Vaticano
Na primeira Congregação Geral dos Cardeais, na última terça, 22, ficou decidido que Pietro Parolin presidirá a missa de amanhã, domingo, 27, segundo dia de luto. Após a missa, os cardeais irão fazer uma visita ao túmulo de Francisco em Santa Maria Maggiore. Na próxima segunda-feira, 28, deve ocorrer nova reunião dos cardeais. Nos dias do conclave, os cardeais ficam fechados na área conhecida como “Zona de Conclave”, no Vaticano.
A votação para a escolha do novo papa será feita na Capela Sistina, famosa entre turistas de todo o planeta pelos afrescos de Michelangelo. O novo papa precisa ter dois terços dos votos dos cardeais aptos a votar, ou seja, pelo menos 89 votos. As votações para a escolha dos últimos papas foram decididas em dois dias, exemplo das escolhas de Bento XVI, em 2005, e de Francisco, em 2013. O conclave, no entanto, não tem prazo fixo para anunciar o nome de papa novo.
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