Mais de 200 mil fiéis devem se reunir na Praça de São Pedro neste sábado, 26, para a última despedida do papa Francisco, que morreu na segunda-feira em decorrência de um AVC. O funeral, que terá início às 10h (5h em Brasília), será simplificado a pedidos do pontífice, cujo papado foi marcado pela humildade. Trata-se do primeiro dia de Novendiali, um período de nove dias de luto oficial.
Em vida, o argentino de 88 anos também rompeu com outra tradição: será sepultado no mesmo caixão, de madeira e zinco, em que foi velado. Seus antecessores passaram por três diferentes: de cipreste, chumbo e carvalho. Depois, o corpo seguirá para Roma, na Itália, onde será sepultado. Confira abaixo os detalhes do adeus a Francisco:
Cronograma do funeral
Como de costume, o funeral será realizado ao ar livre, na Praça de São Pedro, no Vaticano. A ideia é que as dezenas de milhares de devotos tenham direito de acompanhar a cerimônia fúnebre. A cerimônia, que contará com 224 cardeais e 750 bispos e padres, será simplificada. Em entrevista, Francisco disse que “o ritual era elaborado demais”, acrescentando: “Os papas devem ser sepultados como qualquer outro filho ou filha da Igreja. Com dignidade, mas não em travesseiros”.
+ Como foram as últimas horas do papa Francisco
Essa visão se concretizou em abril de 2024, com a reforma oficial do protocolo funerário, regulamentada pelo Ordo Exsequiarum Romani Pontificis. O objetivo, segundo o Escritório de Celebrações Litúrgicas, era garantir uma cerimônia que representasse “um pastor e discípulo de Cristo, e não alguém poderoso neste mundo”.
Às 10h (5h em Brasília), o cardeal Giovanni Battista Re, decano do Colégio dos Cardeais, dará início à Missa das Exéquias. O caixão, que foi lacrado nesta sexta-feira, será colocado em frente ao altar externo da Basílica. Na liturgia, alguns textos bíblicos serão lidos, incluindo o Salmo 23 (“O Senhor é meu Pastor e nada me faltará”). O cardeal também falará sobre os feitos de Francisco.
Na liderança da Igreja Católica, o argentino recebeu mulheres trans, cuidou dos menos afortunados e prezou pela paz, apelando para negociações nas guerras na Ucrânia e na Faixa de Gaza — o pontífice conversava, por telefone, diariamente com palestinos abrigados na única igreja católica de Gaza, até mesmo quando ele estava internado no hospital.
Por fim, Battista Re fará a oração Ultima Commendatio et Valedictio (última recomendação e adeus). Patriarcas e bispos farão, então, orações de intercessão pela alma de Francisco. Eles também abençoarão o caixão com incenso. De lá, o caixão será levado para interior da Basílica de São Pedro, de onde partirá para Roma.
+ Mais de 250 mil fiéis vão ao velório do Papa Francisco; funeral acontece no sábado
Morada final: Roma
Francisco escolheu ser sepultado na Basílica de Santa Maria Maggiore, próxima à estação Termini, em Roma, não no Vaticano. Trata-se de mais uma decisão na contramão de papas anteriores: 23 pontífices repousam nas Grutas do Vaticano. A mudança, contudo, tem forte carga simbólica: o templo abriga a imagem da Salus Populi Romani, a Virgem dos Romanos, diante da qual o papa costumava rezar após sua eleição e antes de cada viagem apostólica.
O trajeto da Praça de São Pedro até a Basílica de Santa Maria Maggiore tem 4,4 km, passando por pontos históricos, como o Coliseu. No caminho, serão entoados cânticos. No entanto, o sepultamento não será aberto ao público. Na Basílica, serão feitas mais orações pela alma de Francisco. No caixão do pontífice, serão colocados os selos do cardeal camerlengo, da Prefeitura da Casa Pontifícia, do Escritório das Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice e do Capítulo Liberiano.
+ Lula, Milei, Trump, Zelensky: funeral do papa é solo fértil para climão diplomático
Quem vai comparecer
Além dos 200 mil fiéis esperados, 130 delegações, dez monarcas e outros chefes de Estado comparecerão ao funeral. As comitivas se sentarão em ordem alfabética. Na primeira fila estarão o presidente da Argentina, Javier Milei, e seu homólogo italiano, Sergio Mattarella. O assento ilustre do ultradireitista se deve ao fato de Francisco ser argentino, embora Milei tenha definido o papa como “imbecil” e “representante do maligno” em declarações durante a campanha eleitoral.
O líder argentino estará acompanhado por uma delegação de peso, que inclui a secretária-geral da Presidência, Karina Milei; o chefe da Casa Civil, Guillermo Francos; o porta-voz presidencial, Manuel Adorni; o ministro das Relações Exteriores, Gerardo Werthein; a ministra da Segurança Nacional, Patricia Bullrich; e a ministra de Capital Humano, Sandra Pettovello.
Outros governantes marcarão presença, o que colocou nas mãos do Vaticano uma difícil tarefa: evitar um climão diplomático. Na lista dos presidentes confirmados, estão os nomes de Luiz Inácio Lula da Silva; de Emmanuel Macron, da França; de Volodymyr Zelensky, da Ucrânia; e de Donald Trump, dos Estados Unidos, que destinou comentários ácidos ao ucraniano, enquanto reforçou laços com seu homólogo russo, Vladimir Putin, que não comparecerá à despedida. O príncipe William, do Reino Unido, também estará no funeral representando a família real.
More Stories
Lula faz visita privada a corpo de papa Francisco…
O duro recado a líderes em homília para papa Franc…
Justin Bieber reclama de assédio e filma perseguiç…