25 de abril de 2025

Lula, Milei, Trump, Zelensky: funeral do papa é so…

O funeral do papa Francisco neste sábado, 26, colocou nas mãos do Vaticano uma difícil tarefa: evitar um climão diplomático. A cerimônia reunirá políticos de uma gama de países, colocando lado a lado opositores ferrenhos. Na lista dos presidentes confirmados, estão os nomes de Luiz Inácio Lula da Silva; de Javier Milei, da Argentina, crítico do petista e do pontífice; de Emmanuel Macron, da França, que tenta lidar com toda sorte de problemas na Europa; de Volodymyr Zelensky, da Ucrânia; e de Donald Trump, dos Estados Unidos, que destinou comentários ácidos ao ucraniano, enquanto reforçou laços com seu homólogo russo, Vladimir Putin, que não comparecerá à despedida.

A solenidade tem início às 10h (5h em Brasília). Com isso, os líderes precisarão chegar a Roma, na Itália, na véspera, o que proporciona uma pequena janela de oportunidades para reuniões para tratar sobre os espinhosos assuntos da política internacional, caso seja de interesse dos governantes. Trump já adiantou que “muitos líderes pediram encontros”. Mas, ainda que as discussões não aconteçam na sexta-feira, o grupo não terá outra escolha a não ser compartilhar o mesmo ar no funeral de Francisco.

A história, na verdade, se repete. Em 2005, a cerimônia fúnebre do papa João Paulo II “reuniu inúmeros líderes mundiais, incluindo muitos que normalmente não se encontrariam no mesmo país, muito menos na mesma sala”, indicou uma análise do o Centro de Diplomacia Pública da Universidade do Sul da Califórnia, que definiu o episódio como “evento diplomático do ano”.

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Paralelos históricos

O funeral de João Paulo II aconteceu durante a guerra no Iraque, o que levou a vaias quando o rosto do então presidente dos EUA, George Bush, apareceu em telões ao ar livre. Ele, por sua vez, estava sentado ao lado de líderes do Irã, Síria e Cuba. Em uma reviravolta, presidentes de Israel e Irã, inimigos históricos, trocaram um aperto de mão. Poderia ter sido um passo diplomático, mas o líder iraniano, Mohammad Khatami, depois negou que tivesse cumprimentado o rival.

Ausências também são sentidas. A China não compareceu à despedida de João Paulo II como retaliação aos laços do Vaticano com Taiwan, ilha democrática que considera uma província rebelde. Na de Francisco, Putin não marcará presença. O papa foi um crítico da guerra na Ucrânia, que já avança a marca de três anos, e incentivou negociações de paz.

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Mas uma ordem também impede a ida do russo: Putin é alvo de um mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI) por supostos crimes de guerra. Embora o Vaticano não seja signatário do Estatuto de Roma, fundador do TPI, o presidente da Rússia reduziu as viagens ao exterior. Desde o início do confronto, em fevereiro de 2022, ele visitou apenas países aliados, como China e Belarus.

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Lula x Milei

Milei, que ficou em silêncio em meio aos problemas de saúde do pontífice argentino, aterrissará na Itália ainda nesta quinta-feira, 24, e se reunirá com críticos de Francisco. O ultradireitista tem um histórico de insultos ao conterrâneo, a quem chamou de “representante do mal na Terra” e “imbecil”, atraindo uma resposta contundente da Igreja Católica. O Santo Padre, por sua vez, destinou duras críticas a Milei pela violência contra manifestantes.

O líder argentino estará acompanhado por uma comitiva de peso, que inclui a secretária-geral da Presidência, Karina Milei; o chefe da Casa Civil, Guillermo Francos; o porta-voz presidencial, Manuel Adorni; o ministro das Relações Exteriores, Gerardo Werthein; a ministra da Segurança Nacional, Patricia Bullrich; e a ministra de Capital Humano, Sandra Pettovello.

Os insultos de Milei não se restringiram a Francisco. Ele também definiu Lula como “corrupto”, “ladrão”, “totalitário”, “comunista” e alguém com um “ego inflamado”. No ano passado, Lula cobrou respeito e disse que o argentino “tem que pedir desculpas ao Brasil, senão a relação é complicada”. Na ocasião, o petista também bradou: “Você pode falar a bobagem que você quiser falar desde que você respeite o direito dos outros”. Ao que tudo indica, o funeral do pontífice, querido por uma multidão de fiéis, atrairá o que mais detestava: rivalidade.

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