24 de abril de 2025

O novo esquema da Noruega para roubar acadêmicos d…

A Noruega lançou nesta quarta-feira, 23, um novo programa para atrair as mentes mais brilhantes da academia americana, em meio à crescente pressão de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, sobre as universidades do país. A Casa Branca vem usando seu poderio político e econômico para coagir as mais prestigiosas instituições do país a se dobrarem a exigências como trocas de comando em departamentos e mudanças no currículo, no que críticos chamam de um atropelo à liberdade acadêmica.

Seguindo os passos de diversas instituições em toda a Europa, o Conselho de Pesquisa da Noruega lançou um fundo de 100 milhões de coroas (R$ 55 milhões) para facilitar o recrutamento de pesquisadores de outros países. Embora a iniciativa esteja aberta a acadêmicos de todo o mundo, foi expandida e acelerada depois que Trump anunciou uma série de cortes no financiamento de universidades que não acatassem demandas de seu governo no mês passado.

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“Liberdade acadêmica sob pressão”

O anúncio da Noruega ocorre pouco antes de uma viagem à Casa Branca do primeiro-ministro do país, Jonas Gahr Støre, e de seu ministro das Finanças, o ex-secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg. A agenda da visita deve incluir segurança, defesa, Ucrânia, tarifas e comércio.

“É importante que a Noruega seja proativa em uma situação desafiadora para a liberdade acadêmica. Podemos fazer a diferença para pesquisadores excepcionais e para o conhecimento relevante, e queremos fazer isso o mais rápido possível”, destacou o ministro da Pesquisa e Ensino Superior do país nórdico, Sigrun Aasland.

Aasland acrescentou que “a liberdade acadêmica está sob pressão nos Estados Unidos”, definindo o momento como “imprevisível” para muitos pesquisadores.

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O Conselho Nacional de Pesquisa norueguês afirmou que lançará uma chamada para propostas no próximo mês, incluindo nas áreas de clima, saúde, energia e inteligência artificial. O projeto deve ser implementado ao longo de vários anos – o fundo inicial de 100 milhões de coroas diz respeito apenas ao ano de 2026.

Fuga de cérebros?

Outros países que adotaram medidas semelhantes incluem a França, onde quase 300 acadêmicos se candidataram à Universidade de Aix-Marselha após a instituição abriu uma chamada para pesquisadores baseados nos Estados Unidos. O ex-presidente francês François Hollande defendeu a criação de um status de “refugiado científico” para cientistas afetados pelo cerco de Trump.

A universidade belga Vrije Universiteit Brussel também abriu novas vagas de pós-doutorado voltadas para americanos, e a Holanda anunciou que planeja lançar um fundo, semelhante ao da Noruega, para atrair pesquisadores para o país.

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