
Papa Francisco e o vice-presidente dos Estados Unidos J.D. Vance se encontraram no domingo de Páscoa, 20, um dia antes da morte do pontífice ser anunciada. A breve reunião, a princípio foi em um tom amistoso – não à toa que presenteou o republicano com três ovos de chocolate, cada um para seus respectivos filhos. “Sei que você não tem se sentido bem, mas é bom vê-lo com melhor saúde. Obrigado por me receber”, disse Vance na ocasião. Entretanto, o relacionamento dos dois nunca foi apenas flores: pouco tempo antes, o papa fez duras críticas a Donald Trump e ao vice pelas novas medidas imigratórias nos Estados Unidos. Antes do encontro de domingo, Vance se reuniu com altos funcionários do Vaticano no sábado, 19, para conversas após as fortes críticas à deportação em massa dos imigrantes.
Em uma carta aos bispos americanos, Francisco não só pontuou que a deportação em massa fere “a dignidade de muitos homens e mulheres”, mas também usou Jesus de exemplo. “A jornada do povo de Israel da escravidão à liberdade, narrada no Livro do Êxodo, nos convida a olhar para a realidade do nosso tempo, marcada tão claramente pelo fenômeno da migração, como um momento decisivo na história para reafirmar não apenas nossa fé em um Deus que está sempre próximo, encarnado, migrante e refugiado, mas também a dignidade infinita e transcendente de cada pessoa humana… ‘A família de Nazaré no exílio, Jesus, Maria e José, emigrantes no Egito e refugiados ali para escapar da ira de um rei ímpio, são o modelo, o exemplo e o consolo dos emigrantes e peregrinos de todas as épocas e países, de todos os refugiados de toda condição que, perseguidos ou necessitados, são forçados a deixar sua pátria, sua família amada e seus queridos amigos para terras estrangeiras’”, escreveu.
Em seu último discurso, o papa pediu pela paz em Gaza e na Ucrânia e listou onze países e seis regiões que estão em meio a conflitos violentos. “Que grande sede de morte, de matar, testemunhamos a cada dia nos muitos conflitos que assolam diferentes partes do nosso mundo. Quanto desprezo é despertado, às vezes, em relação aos vulneráveis, aos marginalizados e aos migrantes”, disse. Vale lembrar que Vance está longe de ter os mesmos ideias de paz que Francisco: a pauta política de Trump está mais alinhada aos objetivos do primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu que vem dialogando com o presidente republicano há algum tempo.
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