A Mobly fez duras acusações de manipulação de mercado contra a família Dubrule, fundadora da Tok&Stok, e pediu à CVM o cancelamento da oferta pública (OPA) para aquisição de 100% de ações da companhia. A rede de móveis e decoração abriu nesta terça-feira mais uma frente em uma batalha que se desenrola nos bastidores pelo controle do grupo após a fusão com a Tok&Stok.
A empresa afirmou por meio de fato relevante que vai “tomar as medidas cabíveis nas esferas administrativa, cível e criminal” contra os Dubrule. A Mobly disse haver “indícios de atuação coordenada e não divulgada ao mercado” feita pelos fundadores da Tok&Stok para adquirir os 44,3% de participação da companhia detida pela alemã Home24 “em condições diversas àquelas divulgadas pelos ofertante no edital da OPA”.
Conforme o comunicado divulgado nesta terça-feira, a administração da Mobly conduziu uma investigação interna que apurou os indícios de que há uma combinação secreta entre os Dubrule a “representantes seniores do Grupo XXXLutz, controlador da Home24, e Home24”, que são os maiores acionistas do grupo Toky, como foi rebatizada a holding após a combinação de negócios realizada em 2024.
No fato relevante, a Mobly menciona que “em reunião realizada nesta data (22 de abril), após apresentação das evidências coletadas até o momento, e após consultados os assessores legais e financeiro, o Conselho de Administração autorizou a administração da companhia a tomar as medidas cabíveis nas esferas administrativa, cível e criminal para proteção dos interesses sociais, mediante notificação às autoridades competentes.”
Os administradores, além de pedir o cancelamento da OPA, vão solicitar à CVM a “apuração de responsabilidades dos envolvidos”. A proposta seria votada em 30 de abril, na assembleia de acionistas do Toky.
Na cronologia da luta pelo controla do grupo Toky, os Dubrule protocolaram, inicialmente, uma oferta de aquisição de até 100% das ações, com um alvo mínimo de 69% do capital da empresa no dia 28 de fevereiro. Em um mercado onde prêmios para aquisição do controle são a norma, a oferta dos Dubrule se destacou por um substancial desconto.
O preço proposto de R$ 0,68 por ação representava um desconto de 50% em relação ao preço de negociação da Mobly à época, de R$ 1,35. Nesta terça-feira (22), o papel tem sido negociado na casa de R$ 1,12. A justificativa dos ofertantes foi que os dados financeiros da empresa não permitem uma avaliação de mercado (“valuation”) precisa.
A OPA poderia custar cerca de R$ 58 milhões aos fundadores na primeira versão. A oferta ficou condicionada ainda a um waiver (“perdão”) dos credores da Tok&Stok, evitando que o vencimento das dívidas seja antecipado com a mudança de controle. Outro obstáculo foi a chamada “poison pill”, uma cláusula no contrato de acionistas que obriga compradores que atinjam 20% de participação a fazer ofertas para todos os acionistas, além de retirar a obrigação de pagar o prêmio de 20% atualmente exigido nessas ofertas.
Baseado na poison pill, a atual administração da Mobly rechaçou a oferta. Na ocasião, o grupo classificou as condições da OPA como “inviáveis”.
No fim de março, a home24 embaralhou novamente o jogo. Maior acionista do Toky, com 44,38% das ações do grupo, ela solicitou a remoção do estatuto da companhia de cláusulas que dificultam a aquisição da empresa. A proposta da home24 foi a de eliminar “poison pill” e retirar a obrigação de pagar o prêmio de 20% atualmente exigido nessas ofertas.
Em 15 de abril, os Dubrule voltaram à carga e, dessa vez, refizeram a oferta de aquisição para 100% das ações. A proposta foi feita por parte da Regain Participações, ligada à família Dubrule, e Paul Jean Marie Dubrule. Apesar de ampliar o percentual alvo, manteve o preço de R$ 0,68 por ação.
Os fundadores da rede Tok&Stok enviaram carta à Mobly em que dão detalhes sobre os fatores considerados para a oferta pela aquisição do controle da companhia. Os Dubrule citaram “significativos desafios” diante de dívida de mais de R$ 600 milhões e pelo fato que a Mobly não gera lucro desde o IPO em 2021. Além disso, os fundadores da Tok&Stok citam que as ações “são dotadas de baixa liquidez, de forma que o seu preço de tela não permite uma acurada determinação do seu valor de mercado”.
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