23 de abril de 2025

Existe mesmo vida em K2-18b? Entenda os possíveis indícios biológicos no exoplaneta

Nos últimos dias, um estudo publicado na revista científica The Astrophysical Journal Letters sugeriu a presença de um possível indicador de vida no exoplaneta K2-18b, localizado a aproximadamente 124 anos-luz da Terra.

Os dados sugerem sinais de DMS ou de uma molécula semelhante, como o DMDS, compostos químicos que são produzidos por organismos vivos — na Terra, os fitoplânctons são os maiores produtores de DMS. Mas será que isso confirma a existência de vida fora da Terra?

Em uma publicação no site The Conversation, o professor de astronomia e ciências planetárias Daniel Apai afirma que os dados são consistentes e indicam a possível presença de DMS em K2-18b, ou uma molécula semelhante. Acontece que esse é mais um estudo que aponta para essa hipótese, reforçando outros dados anteriores.

No artigo recente, os pesquisadores reforçam que ainda existem dúvidas em relação aos dados, mas que essas incertezas não parecem responsáveis por interferências na interpretação de que seja DMS. Apesar de reforçar a ideia de que talvez exista vida em K2-18b, os cientistas ainda precisam compreender melhor o exoplaneta.

“[Neste estudo] relatamos novas evidências independentes da presença de DMS e/ou DMDS na atmosfera, com significância de 3σ, indicando alta abundância de pelo menos uma das duas moléculas. No entanto, são necessárias mais observações para aumentar a robustez dos resultados e resolver a ambiguidade entre DMS e DMDS”, o estudo descreve.

K2-18b: um planeta com água e vida?

Até agora, a ciência compreende que K2-18b é aproximadamente oito vezes mais massivo do que a Terra. Por isso, os cientistas acreditam que o exoplaneta pode ter metade da densidade terrestre e muito mais água.

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K2-18b (ilustração) foi o primeiro planeta descoberto no 18º sistema planetário observado pela missão estendida do Telescópio Espacial Kepler. (Fonte: NASA / CSA / ESA / J. Olmsted / N. Madhusudhan)

Caso essa informação seja confirmada, K2-18b poderia ser um mundo hiceano, um tipo de planeta com oceanos profundos cobertos por uma espessa atmosfera de hidrogênio. Os dados observados são compatíveis com essas características, mas existem outras possibilidades.

Algumas hipóteses sugerem que K2-18b pode ser um exoplaneta do tipo mini-Netuno ou um anão gasoso:

  • Mini-Netuno: no primeiro caso, ele seria um planeta menor que Netuno, mas com características semelhantes em relação ao gigante gelado;
  • Anão gasoso: já na hipótese do anão gasoso, seria um corpo celeste rochoso, sem água e com uma atmosfera rica em hidrogênio.

O problema dessas duas últimas hipóteses é que elas não oferecem condições favoráveis à vida. Ou seja, caso a presença de dimetilsulfeto seja confirmada, é mais provável que o exoplaneta seja um mundo hiceano. 

De qualquer forma, ainda são necessárias mais observações e coletas de dados; seja para confirmar esse possível sinal de DMS ou para mostrar outros caminhos.

“Os resultados também destacam a necessidade de mais estudos experimentais e teóricos para determinar seções de choque precisas de gases bioassinatura importantes e identificar possíveis fontes abióticas. Discutimos as implicações das descobertas atuais para a possibilidade de atividade biológica em K2-18b”, o resumo do estudo conclui.

A busca por vida fora da Terra tem ligação direta com a análise de certos elementos químicos em planetas distantes. Quer saber mais? Entenda o que são bioassinaturas: as pistas até a descoberta da vida extraterrestre. Até a próxima!

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