19 de abril de 2025

Obama apoia Harvard contra cerco de Trump, enquant…

O ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, declarou apoio à Universidade Harvard nesta terça-feira, 15, após o governo de Donald Trump cortar US$ 2,3 bilhões em fundos federais à instituição por não ter acatado a uma lista de demandas controversas. Na semana passada, a Casa Branca exigiu que a redução do poder de alunos e professores sobre assuntos internos; a denúncia de alunos estrangeiros que violassem códigos de conduta às autoridades federais e a contratação de funcionários externos para uma “diversidade de pontos de vista”.

No X, antigo Twitter, Obama citou uma publicação feita na véspera, na qual o presidente de Harvard, Alan M. Garber, afirmava que “nenhum governo — independentemente do partido no poder — deve ditar o que as universidades privadas podem ensinar, quem podem admitir e contratar e quais áreas de estudo e investigação podem seguir”.

“Harvard deu o exemplo para outras instituições de ensino superior – rejeitando uma tentativa ilegal e desajeitada de reprimir a liberdade acadêmica, ao mesmo tempo em que toma medidas concretas para garantir que todos os alunos de Harvard possam se beneficiar de um ambiente de investigação intelectual, debate rigoroso e respeito mútuo. Esperemos que outras instituições sigam o exemplo”, escreveu ele.

Além do congelamento bilionário, o governo americano pausou o repasse de US$ 60 milhões em valores de contratos plurianuais para Harvard ao alegar que a instituição não tem feito o suficiente para combater casos de antissemitismo no campus — no ano passado, protestos ruidosos pró-Palestina tomaram conta da universidade.

Ainda em março, o Josh Gruenbaum, alto funcionário da Administração de Serviços Gerais, adiantou que a faculdade estava na mira da administração Trump e afirmou que “embora as ações recentes de Harvard para coibir o antissemitismo institucionalizado — embora já esperadas há muito tempo — sejam bem-vindas, há muito mais que a universidade deve fazer para manter o privilégio de receber o dinheiro suado dos contribuintes federais”.

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Na terça-feira, Trump aumentou as ameaças em publicação em sua rede social, a Truth, afirmando que “talvez Harvard devesse perder seu status de isenção fiscal e ser taxada como uma entidade política”. O coro foi reforçado pela secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, que disse que o republicano “quer ver Harvard se desculpar” pelo o que definiu como “antissemitismo flagrante que ocorreu no campus da faculdade”.

Em meio ao cerco de Trump, a Universidade da Colúmbia Britânica (UBC), no cidade canadense de Vancouver, registrou aumento de 27% nas inscrições de pós-graduação até 1º de março de cidadãos americanos para o ano acadêmico de 2025. A Universidade de Toronto, a maior universidade do Canadá, também relatou mais inscrições de estudantes dos EUA até o prazo de janeiro. 

+ Harvard bate de frente com Trump e rejeita lista de exigências do governo dos EUA

Posicionamentos de Yale e Columbia

Sem citar nominalmente Harvard, uma carta da Universidade de Yale, assinada por 876 professores, apelou à sua liderança que “resista e desafie legalmente quaisquer exigências ilegais que ameacem a liberdade acadêmica e a autogovernança universitária” e a “trabalhar de forma proativa e proativa com outras faculdades e universidades em defesa coletiva”.

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“Estamos juntos em uma encruzilhada. As universidades americanas enfrentam ataques extraordinários que ameaçam os princípios fundamentais de uma sociedade democrática, incluindo os direitos de liberdade de expressão, associação e liberdade acadêmica. Escrevemos como um só corpo docente para pedir que vocês se posicionem conosco agora”, salientou o texto.

Em contrapartida, a Universidade Columbia, em Nova York, epicentro de manifestações em apoio à Palestina que insuflam o cerco do governo contra o ensino superior, concordou em atender parcialmente às exigências governo Trump sobre questões relacionadas a protestos e casos de antissemitismo. Em comunicado, a presidente da instituição, Claire Shipman, afirmou que trata-se de “um momento extraordinário e difícil”, na qual a instituição lidava com “pressões sem precedentes, sem respostas fáceis e com muitas incertezas”.

“Como já compartilhamos anteriormente, a universidade tem se envolvido no que continuamos a acreditar serem discussões de boa-fé com a Força-Tarefa Federal de Combate ao Antissemitismo. Buscamos abordar alegações de antissemitismo, assédio e discriminação em nossos campi e fornecer um caminho para o restabelecimento de uma parceria com o governo federal que apoie nossa missão vital de pesquisa, ao mesmo tempo em que proteja a integridade e a independência acadêmica e operacional da Universidade”, explicou Shipman.

“Algumas das solicitações do governo estão alinhadas com políticas e práticas que consideramos importantes para o avanço de nossa missão, especialmente para proporcionar uma comunidade universitária segura e inclusiva”, continuou ela. ” Outras ideias, incluindo solicitações excessivamente prescritivas sobre nossa governança, como conduzimos nosso processo de busca presidencial e como abordar especificamente as questões de diversidade de pontos de vista, não estão sujeitas a negociação.”

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