A exchange de criptomoedas Kraken, que planeja abrir capital no início do próximo ano, expandiu suas operações além dos ativos digitais e passou a oferecer negociação de ações dos EUA e fundos negociados em bolsa (ETFs) por meio de uma parceria com uma corretora.
Trabalhando com a Alpaca, a Kraken iniciou o lançamento gradual de negociações sem taxas para mais de 11.000 ações e ETFs listados nos EUA, disponíveis inicialmente para clientes em estados selecionados, incluindo Nova Jersey, Connecticut, Wyoming e Rhode Island. A empresa planeja disponibilizar esse serviço para todos os clientes elegíveis nos EUA e, eventualmente, expandi-lo para o Reino Unido, restante da Europa e Austrália. Apesar de ter operações no Brasil, a Kraken não citou o país em seu plano de expansão.
As exchanges de criptomoedas nos EUA há muito buscam oferecer uma gama diversificada de ativos a seus clientes, competindo com bolsas tradicionais como a Nasdaq e corretoras como a Robinhood, que vem entrando com força no setor de criptoativos. Muitas dessas plataformas visam, futuramente, oferecer ações tokenizadas e outros valores mobiliários — ativos vinculados a tokens em blockchains — para permitir liquidação mais rápida, negociação 24 horas por dia e outros recursos. Alguns ETFs, como o BlackRock USD Institutional Digital Liquidity Fund, já foram tokenizados. A principal concorrente da Kraken, a Coinbase, declarou em fevereiro que também tem interesse em ações tokenizadas.
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“Esse é mais um passo da Kraken para se tornar uma plataforma de serviços completos, oferecendo tanto serviços de finanças tradicionais (TradFi) quanto de cripto,” afirmou Owen Lau, analista da Oppenheimer. “A linha entre classes de ativos tradicionais e cripto começará a se confundir, e o cripto fará parte de uma estratégia de alocação de ativos. No longo prazo, isso também ajuda a Kraken a impulsionar a tokenização de ativos tradicionais usando a tecnologia blockchain.”
Por enquanto, a Kraken ainda não está oferecendo ações tokenizadas, pois aguarda maior clareza regulatória sobre o tema nos EUA e na Europa, segundo Arjun Sethi, co-CEO da Kraken, em entrevista. No momento, a parceria com a Alpaca prevê que esta última será responsável pela execução, compensação e liquidação das ordens inseridas nos aplicativos ou site da Kraken. A custódia desses ativos em ações também ficará a cargo da Alpaca.
A Kraken também oferecerá negociação fracionada em mais da metade dos ativos recém-listados, permitindo que investidores comprem menos de uma ação inteira. Os clientes poderão gerenciar ações, criptoativos, dinheiro em espécie e stablecoins em um só lugar.
“Pensar no mercado como uma exchange contra a outra não é a forma correta de enxergá-lo,” disse Sethi. “O que está acontecendo agora é uma convergência entre os mercados tradicionais e os de cripto.” Ele afirma que quer permitir que os traders ganhem rendimento, negociem derivativos, ações e criptomoedas na mesma plataforma.
A Kraken está ampliando sua oferta de produtos em um momento em que a administração do presidente Donald Trump, favorável ao setor cripto, suspendeu a postura de fiscalização agressiva contra o setor. No início deste ano, a Kraken anunciou que a SEC concordou em encerrar o único processo judicial ainda em andamento contra a empresa.
Sob o governo Trump, os principais órgãos reguladores dos EUA agora contam com líderes simpáticos às criptomoedas, e legislações para esclarecer as regras de mercado para stablecoins e outros ativos cripto estão avançando no Congresso. Esse ambiente mais favorável tem permitido que empresas como a Kraken ampliem suas linhas de atuação. Em março, a Kraken adquiriu a NinjaTrader, uma plataforma de futuros voltada para o varejo nos EUA, por cerca de US$ 1,5 bilhão.
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