Em meio à repressão crescente contra manifestações pró-Palestina nos Estados Unidos, o governo de Donald Trump anunciou na quarta-feira, 9, que passará a monitorar as redes sociais de imigrantes em busca de postagens consideradas “antissemitas”. A medida, já em vigor, poderá levar à negação de vistos, green cards e outros benefícios migratórios, segundo o Departamento de Segurança Interna (DHS).
“Não há espaço nos Estados Unidos para simpatizantes do terrorismo do resto do mundo. Quem acha que pode vir para cá e se esconder atrás da Primeira Emenda para defender a violência antissemita e o terrorismo — pense duas vezes. Você não é bem-vindo aqui”, declarou Tricia McLaughlin, secretária-assistente de Relações Públicas do DHS.
A nova medida não se limita a indivíduos. Instituições de ensino “vinculadas a atividades antissemitas” também passarão a ser monitoradas. O Serviço de Cidadania e Imigração dos EUA (USCIS, na silga em inglês) afirmou em nota que o critério de avaliação se baseará na definição de antissemitismo da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto, embora o próprio autor da definição tenha dito recentemente que o governo Trump tem usado sua interpretação de maneira distorcida.
Grupos judaicos progressistas condenaram a medida. “Tratar o antissemitismo como um problema importado não combate o antissemitismo”, afirmou o Projeto Nexus, que defende a liberdade de expressão e os direitos civis. “Perseguir imigrantes com termos vagos como ‘simpatizantes de terroristas’ apenas amplia a repressão ideológica.”
Desde que reassumiu a Presidência, Trump vem apertando o cerco a imigrantes e estudantes estrangeiros. Mahmoud Khalil, um palestino com green card, foi preso em frente à esposa grávida após participar de protestos contra os bombardeios em Gaza. Outro alvo foi Badar Khan Suri, um pesquisador indiano pós-doutorando em Georgetown, acusado de ligações com o Hamas — ele nega qualquer envolvimento. Em ambos os casos, as detenções ocorreram sem provas públicas e geraram comoção acadêmica.
O contexto político reforça o radicalismo político do governo Trump. Elon Musk, nomeado “funcionário especial do governo”, fez saudações de conotação fascista durante o comício de posse de Trump, e o vice-presidente JD Vance se reuniu recentemente com Alice Weidel, líder do partido político de extrema direita alemão Alternativa para a Alemanha, ou AfD.
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