Após o anúncio de uma ampla coalizão governamental há poucos dias, o novo Parlamento da Groenlândia se reuniu pela primeira vez nesta segunda-feira 7 em meio às ameaças do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de uma possível tomada de controle da ilha ártica.
A coalizão, que abrange grande parte do espectro político, representa 23 dos 31 assentos parlamentares. Jens-Frederik Nielsen, de 33 anos, assumiu o cargo de primeiro-ministro da Groenlândia no final do mês passado, tornando-se o mais jovem a ocupar a posição.
“Nunca foi tão importante ficarmos juntos por nosso país e governança estável. É por isso que estou feliz com essa ampla coalizão com 75% dos votos”, disse Nielsen, de acordo com a emissora groenlandesa KNR.
Na semana passada, Nielsen afirmou que a Groenlândia fortaleceria os laços com a Dinamarca até que a ilha do Ártico pudesse se tornar independente, chamando o país de “parceiro mais próximo da Groenlândia”.
A Groenlândia é uma antiga colônia dinamarquesa e é um território desde 1953. A ilha ganhou alguma autonomia em 1979, quando seu primeiro Parlamento foi formado, mas Copenhague ainda controla relações exteriores, defesa e política monetária e fornece quase 1 bilhão de dólares por ano para sua economia. Em 2009, seus moradores ganharam o direito de declarar independência total por meio de um referendo, mas ainda há muita preocupação de que os padrões de vida cairiam sem o apoio econômico da Dinamarca.
Na semana passada, a primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, viajou à região para um encontro com Nielsen, que anteriormente definiu como “altamente agressiva” a ida na semana passa do vice-presidente americano, J.D. Vance, à região semiautônoma pertencente ao reino dinamarquês.
A última vez que Frederiksen esteve na Groenlândia foi em março de 2024, acompanhada da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. Ao aterrissar, a premiê afirmou que “quando a Groenlândia está em uma situação difícil, o reino da Dinamarca e a Europa também estão em uma situação difícil”.
“Independentemente das discussões que possamos ter no futuro sobre nossa comunidade, está claro que, com a pressão dos americanos sobre a Groenlândia em relação à soberania, às fronteiras e ao futuro, devemos permanecer unidos”, acrescentou ela, em crítica direta a Trump. “Os EUA não tomarão a Groenlândia. A Groenlândia pertence aos groenlandeses e os EUA não tomarão a Groenlândia. E essa é, claro, também a mensagem que diremos coletivamente nos próximos dias.”
A passagem de Frederiksen ocorre em meio a rumores de que o governo dos EUA está analisando quanto custaria assumir a Groenlândia. Segundo o jornal americano The Washington Post, o escritório de orçamento da Casa Branca tem elaborado uma estimativa de quanto potencialmente seria a receita obtida com seus recursos naturais. Para controlar a ilha, os Estados Unidos ofereceriam um valor maior em subsídios, de cerca de £ 500 milhões por ano (mais de 3,6 bilhões de reais), o que representaria um valor maior que o liberado pelos dinamarqueses.
More Stories
Governo Trump já revogou mais de mil vistos de est…
Trump diz que deixará de lado acordo de paz se Ucr…
Irã diz que só aceitará acordo sobre programa nucl…