

O GPA, dono da rede Pão de Açúcar, informou neste domingo (30) que recebeu um pedido para convocar assembleia geral extraordinária com o objetivo de destituir integralmente seu conselho de administração, que tem mandato até agosto de 2026, e eleger novos membros.
Pessoas próximas à companhia afirmaram ao InvestNews que a substituição do conselho de administração “conta com o respaldo” dos três acionistas de referência que já integram o colegiado: Christopher Hidalgo, representante do grupo francês Casino, que tem 22,5% das ações do GPA; o empresário Ronaldo Iabrudi, dono de outros 5,6%; e Nelson Tanure, com cerca de 10%.
O pedido chega em um momento estratégico: Tanure vem ampliando sua participação na companhia e articulando apoios para aumentar sua influência no controle do GPA, com planos de eventualmente promover uma fusão com o supermercado Dia, que adquiriu em dezembro de 2024 por meio do fundo Lyra II.
Novos nomes
A chapa sugerida pelo fundo propõe um conselho com nove membros, mantendo o mesmo número da atual composição, para um mandato unificado de dois anos.
Entre os nomes indicados, três já fazem parte do atual conselho: Ronaldo Iabrudi (que seria mantido e passaria a ser o chairman), Christophe José Hidalgo (como vice-presidente) e Marcelo Pimentel, atual CEO do grupo.
Os outros seis nomes indicados para compor o conselho como membros são:
- Helene Esther Bitton (ligada ao Casino);
- Rodrigo Tostes (ligado a Tanure);
- Pedro de Moraes Borba (ligado a Tanure);
- Líbano Miranda Barroso (ligado a Iabrudi);
- Eliana Ambrósio Chimenti (advogada);
- Sebastián Dario Los (ex-CEO do Cencosud Brasil).
Tanure de olho
A solicitação foi feita pelo fundo de investimento Saint German, gerido pela Trustee Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários. Embora não existam registros de que o fundo seja ligado a Tanure, a gestora Trustee é conhecida por trabalhar em operações em conjunto com o empresário.
Pelo menos dois nomes tem relação próxima com o empresário baiano: Rodrigo Tostes, que atualmente ocupa o cargo de CFO da Light; e Pedro Borba, que atualmente é conselheiro da Alliança. As duas empresas são controladas por Tanure.
Tanure detém aproximadamente 10% do capital do GPA, considerando sua posição em derivativos e uma fatia de 5,7% em ações. A participação, por si só, daria direito a indicar dois nomes para o conselho.
Fusão com o Dia
O empresário estaria em conversas com o Casino, maior acionista do GPA com participação de 22,5%, buscando apoio para sua estratégia no curto prazo, segundo informou a coluna Pipeline. O grupo francês, que passa por reestruturação financeira, já classificou o GPA como “ativo para venda” em seu balanço.
O objetivo final de Tanure seria promover uma fusão entre o GPA e a rede Dia.
Entretanto, um obstáculo significativo para essa estratégia é a cláusula de poison pill presente no estatuto do GPA, que obriga qualquer acionista que atinja participação acima de 25% a fazer uma OPA (Oferta Pública de Aquisição) para todos os acionistas.
Pilares estratégicos
O documento apresentado pelo fundo afirma que “não tem intenção de alterar substancialmente o direcionamento geral dos negócios sociais”, mas defende que “a maximização do valor e do retorno aos acionistas deve ser o objetivo central das atividades da companhia”.
São destacados três pilares fundamentais para a nova gestão:
- Redução do endividamento: O fundo sugere a venda de ativos não essenciais, reavaliação de investimentos e otimização do capital de giro;
- Redução de contingências: Implementação de processos robustos para identificação e avaliação de riscos ligados a contingências legais, fiscais e trabalhistas;
- Diminuição de custos e despesas: Continuidade e aprofundamento dos esforços para redução de aluguéis, custos corporativos e despesas gerais, mantendo a qualidade do atendimento aos clientes.
O GPA informou que, após analisar o pedido e verificar o cumprimento dos requisitos aplicáveis, convocará uma assembleia geral extraordinária para votação entre os acionistas.
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