O presidente da França, Emmanuel Macron, disse nesta quinta-feira, 27, rejeitar as exigências russas para encerrar a guerra na Ucrânia, defendendo que Moscou “não tem o direito de opinar” sobre certos termos de um acordo de cessar-fogo. A fala veio logo antes de começar uma cúpula em Paris, convocada pelo chefe do Eliseu, para coordenar uma “coalizão dos dispostos” que seria responsável por garantias de segurança para Kiev após o fim do conflito.
Apesar de concordar com acordos de cessar-fogo no ar e no mar, o líder da Rússia, Vladimir Putin, apresentou uma série de condições, que incluem o fim da mobilização de ucranianos e do rearmamento de suas forças durante a pausa nos combates, sua retirada dos quatro territórios que o Kremlin diz ter anexado, o encerramento de sanções contra a indústria agrícola russa e a suspensão da ajuda militar para a Ucrânia. Líderes europeus temem que a lista de exigências produza um cenário em que Moscou possa se rearmar para atacar após o fim do cessar-fogo, enquanto Kiev ficaria incapaz de preparar uma defesa.
“A Rússia não terá direito de opinar sobre o apoio que estamos fornecendo e forneceremos à Ucrânia, nem definirá as condições”, declarou Macron ao lado do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que foi a Paris. O francês também acusou o governo russo de apresentar uma lista cada vez mais longa de demandas.
Macron rejeitou ainda qualquer sugestão de suspender sanções contra Moscou, dizendo que era “muito cedo” para tomar tal decisão.
“Em última análise, as sanções dependem unicamente da escolha da Rússia de agressão e, portanto, sua suspensão depende unicamente da escolha da Rússia de cumprir o direito internacional”, disse ele.
Cúpula da “coalizão dos dispostos”
Líderes de cerca de 30 países — não só da Europa, mas de outros lugares, incluindo Turquia e Canadá — se reuniram em Paris para consolidar discussões anteriores sobre o que “a coalizão dos dispostos” pode fazer para ajudar a Ucrânia em caso de um cessar-fogo ou acordo de paz negociado pelos Estados Unidos.
Convocados por Macron, espera-se que os líderes mantenham novas conversas sobre o formato das futuras garantias de segurança que podem oferecer à Ucrânia. Eles também devem coordenar as questões atuais que estão sendo discutidas nas negociações lideradas por Washington, incluindo a polêmica demanda russa para flexibilizar sanções.
O presidente francês adiantou que forças europeias poderiam ser implantadas em “cidades importantes” e “bases estratégicas” da Ucrânia, para “marcar o apoio claro de vários governos e aliados europeus”. Além disso, deixou claro que, em caso de qualquer ataque da Rússia, esses soldados teriam que “responder”.
Notavelmente, os Estados Unidos não comparecerão à cúpula desta quinta-feira. O enviado especial de Trump, Steve Witkoff, falou com desdém na semana passada sobre a ideia franco-britânica de uma força europeia de manutenção de paz, chamando-a de “uma pose” e de “simplista”. Mas a mídia francesa reportou que Macron telefonou para Trump antes do encontro em Paris.
Entre os líderes europeus esperados na cúpula está o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, cuja declaração divulgada na noite de quarta-feira disse que “ao contrário do presidente Zelensky, Putin mostrou que não é um jogador sério nessas negociações de paz”.
“(Putin está) brincando com o cessar-fogo naval no Mar Negro, apesar da participação de boa-fé de todos os lados – tudo isso enquanto continua a infligir ataques devastadores ao povo ucraniano. Suas promessas são vazias”, afirmou ele. “Os Estados Unidos estão desempenhando um papel de liderança ao convocar as negociações de cessar-fogo, o presidente Zelensky demonstrou seu comprometimento repetidamente, e a Europa está se esforçando para fazer sua parte para defender o futuro da Ucrânia. Agora Putin precisa mostrar que está disposto a jogar bola.”
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