O mercado dos navegadores de internet não é um dos mais amigáveis para empresas de fora investirem, já que Google, Microsoft, Opera, Mozilla, e outras gigantes dominam o setor. Contudo, o grupo Yandex está de olho em participar ativamente no mercado nacional e já é conhecido como o “Google Russo”.
Segundo informações veiculadas pelo Estadão, a rede russa tem forte interesse em realizar investimentos no Brasil, que por sua vez está cada vez mais em busca de fontes tecnológicas fora do eixo dos Estados Unidos/Europa. Os detalhes ainda não foram oficialmente revelados, portanto, tudo ainda pode mudar.
A coluna aponta que a Yandex abriu conversas com autoridades brasileiras, no fim de fevereiro, e fez um gesto positivo para investimentos locais. Uma fonte anônima sinalizou que o montante pode chegar a cerca de R$ 2,3 bilhões, mas a empresa parece adotar cautela nos anúncios.

Uma comitiva liderada pelo atual CEO do grupo, Sergej Loiter, teria se encontrado com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin para ter as discussões.
Em resposta, o grupo revela que os encontros com o governo não necessariamente eram somente sobre planos de investimentos, mas mantém a porta aberta. “Estamos sempre felizes em discutir as tendências futuras dos mercados digitais em desenvolvimento, trocar expertise e compartilhar nossas visões e experiências”, explica o comunicado da empresa.
Uma potência russa
A Yandex não é uma empresa muito conhecida no Brasil e possui a maioria dos seus negócios no exterior. Fundada em 1997 por Arkady Volozh e Ilya Segalovich, a companhia foca em desenvolver produtos e serviços inteligentes por meio de aprendizado de máquina, com ênfase em expandir um ecossistema de ferramentas online e offline — afinal de contas o nome “Google Russo” não parece ser por acaso.
O grande chamariz da empresa é o Yandex Search, um buscador altamente popular na Rússia, considerado o maior motor de buscas do país. A empresa também tem uma série de verticais, similar à sua contraparte norte-americana, como o Yandex Images, Yandex Music, Yandex Mail e Yandex Maps.
Por mais que não consiga superar o Google em outros países, nos territórios com idioma russo a Yandex é dominante, como Turquia, Uzbequistão, Cazaquistão e Bielorrússia. A isso se deve uma abordagem personalizada de pesquisa, com foco em oferecer serviços específicos para cada região.

Inclusive, é nessa mesma pegada que o motor de busca da companhia funciona. A ideia é utilizar um processamento de linguagem natural, atrelado ao aprendizado de máquina, com um algoritmo que considera o contexto e intenções de busca, para oferecer um resultado mais relevante e localizado.
Por mais que a empresa tenha começado como um buscador, a Yandex investiu pesado em mobilidade ao lançar um próprio sistema de navegação e de táxis, o Yandex.Navi e Yandex.Cab entre 2012 e 2014. Já em 2016, a empresa entrou na onda das assistentes virtuais e resolveu lançar a sua própria, com a Alice.
Expansão estratégica
Os investimentos da Yandex no Brasil parecem fazer parte de um movimento estratégico da empresa em busca de expansão para territórios que potencialmente aceitariam melhor seus serviços. É difícil imaginar, por exemplo, uma ofensiva poderosa da empresa russa em países com forte ligação com os Estados Unidos, dado o histórico de tensões entre as potências.
Apesar disso, a Yandex trabalha com um corpo de aproximadamente 100 mil funcionários e com as investidas recentes, isso deve aumentar. No Brasil, a operação é liderada por Marcelo Costa, executivo que já teve passagens em empresas como Citi e HP, e inclusive houve uma espécie de mudança de nome da Yandex no Brasil para “Yango”.
Até mesmo nas finanças as coisas parecem bem para a gigante russa. Em 2024, a companhia fechou o ano com uma receita total de cerca de R$ 72 bilhões, embora seja um valor bem abaixo dos mais de R$ 500 bilhões arrecadados pela Alphabet, a empresa-mãe do Google, no último trimestre.
Vale ressaltar que a Yandex, ou melhor, Yango, não é totalmente nova no país. A empresa chegou por aqui em meados de 2024 com sua divisão de propaganda, que equivale ao Google Ads, que fornece soluções de monetização, publicidade para websites e até mesmo jogos online.
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