19 de março de 2025

Ao violar cessar-fogo, Netanyahu diz que bombardei…

O presidente de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou nesta terça-feira, 18, que os intensos bombardeios à Faixa de Gaza, violando o cessar-fogo firmado em janeiro, são “apenas o começo”. Os ataques, segundo ele, continuarão até que o governo israelense alcance os seus objetivos na guerra em Gaza: erradicar o grupo palestino radical Hamas e libertar todos os reféns, mantidos em cárcere desde 7 de outubro de 2023.

“O Hamas já sentiu a força da nossa mão nas últimas 24 horas. E eu quero prometer a vocês – e a eles – que isso é apenas o começo”, disse o premiê em discurso televisionado.

Na madrugada desta terça-feira, ataques aéreos israelenses atingiram o enclave palestino, destruído pelo conflito de um ano e cinco meses. Ao menos 404 pessoas foram mortas, muitas delas crianças, e 562 pessoas ficaram feridas, de acordo com o Ministério de Saúde palestino. Os hospitais, sobrecarregados pelas vítimas dos bombardeios, receberam pilhas de corpos.

Casas e acampamentos de refugiados do norte ao sul da Faixa de Gaza entraram na mira dos mísseis de Israel, disparados através da fronteira. No sábado, 15,  nove palestinos morreram, incluindo três jornalistas locais, e diversas outras pessoas ficaram feridas em um ataque aéreo israelense na cidade de Beit Lahiya, no norte de Gaza.

Antes da declaração de Netanyahu, o ministro da Defesa israelense, Israel Katz, afirmou a repórteres que “o Hamas deve entender que as regras do jogo mudaram” e que “os portões do inferno se abrirão e ele enfrentará todo o poder das FDI (sigla das Forças de Defesa de Israel) no ar, no mar e em terra” caso os 59 reféns restantes – vivos ou mortos – não sejam devolvidos.

Continua após a publicidade

Futuro de Gaza

As explosões desta terça-feira são um trágico retrato de semanas de estagnações nas negociações para iniciar a segunda fase do acordo de cessar-fogo, que previa a libertação dos mantidos em cativeiro e a saída total das tropas israelenses da Faixa de Gaza. Não saiu do papel. Com trocas de farpas, Israel e Hamas acusavam-se mutuamente de violar os termos da trégua, revelando a fragilidade do pacto.

A primeira fase levou, ao longo de seis semanas, à troca de 25 reféns israelenses vivos e os restos mortais de outros oito, em troca da libertação de cerca de 1.800 palestinos detidos e em prisões de Israel. Também permitiu a entrada de ajuda humanitária no enclave e o retorno da população local às suas casas no norte de Gaza.

Bibi mostrou oposição consistentemente a qualquer fim permanente da guerra em Gaza, em parte devido a um cálculo político doméstico. Impopular, com vantagem de apenas dois votos no Parlamento, ele se desdobra para agradar aos partidos radicais religiosos que sustentam sua coalizão e são contra concessões em Gaza em meio a intensas pressões, inclusive dos Estados Unidos, para pôr fim ao conflito que se estende por mais de um ano e já matou, em números oficiais, quase 50 mil palestinos.

Source link

About The Author