As Forças de Defesa de Israel (FDI) afirmaram que estão conduzindo “ataques extensivos” contra “alvos terroristas” do Hamas na Faixa de Gaza. O ataque ocorre em meio a dificuldades na negociação para avançar para a próxima etapa do acordo de cessar-fogo, que foi assinado em janeiro.
A operação foi ordenada pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e o ministro da Defesa, Israel Katz. Eles acusam o Hamas de se recusar “repetidamente” a libertar reféns. “A partir de agora, Israel agirá contra o Hamas com força militar crescente”, diz uma nota divulgada pelo gabinete de Netanyahu.
Segundo a Defesa Civil de Gaza, ao menos 66 pessoas morreram nos ataques. O oficial do Hamas Basem Naim acusou Israel de “colocar fim ao acordo de cessar-fogo unilateralmente”, de acordo com a rede americana CNN. De acordo com a agência Reuters, três casas foram atingidas em Deir Al-Balah, no centro de Gaza, um prédio na Cidade de Gaza e alvos em Khan Younis e Rafah.
Ataque no sábado
No último sábado, ao menos nove palestinos morreram, incluindo três jornalistas locais, e diversas outras pessoas ficaram feridas em um ataque aéreo israelense na cidade de Beit Lahiya, no norte de Gaza. O incidente deixou ainda mais clara a fragilidade do acordo de cessar-fogo de 19 de janeiro, cuja primeira parte expirou há cerca de duas semanas. Em declarações recentes, o Hamas exigiu que Israel implemente a segunda fase do acordo, que deveria encerrar definitivamente o conflito.
A primeira fase do cessar-fogo levou, ao longo de seis semanas, à troca de 25 reféns israelenses vivos e os restos mortais de outros oito, em troca da libertação de cerca de 1.800 palestinos detidos em prisões de Israel. Também permitiu a entrada de ajuda humanitária no enclave e o retorno da população local às suas casas no norte de Gaza.
Resistência de Netanyahu
Tel Aviv, até agora, se recusou a avançar para a próxima etapa e pediu uma extensão de várias semanas da fase 1 da trégua. O enviado de Donald Trump, Steve Witkoff, também tem feito pressão por uma proposta que apenas estenda a trégua.
Netanyahu mostrou oposição consistentemente a qualquer fim permanente da guerra em Gaza, em parte devido a um cálculo político doméstico. Impopular, com vantagem de apenas dois votos no Parlamento, ele se desdobra para agradar aos partidos radicais religiosos que sustentam sua coalizão e são contra concessões em Gaza em meio a intensas pressões, inclusive dos Estados Unidos, para pôr fim ao conflito que se estende por mais de um ano e já matou, em números oficiais, quase 50 mil palestinos.
Para piorar, nas últimas semanas o primeiro-ministro teve de comparecer onze vezes a um tribunal para se defender de acusações de suborno, fraude e tráfico de influência.
Diálogo direto
Após mais de 16 meses de negociações entre Israel e o Hamas mediadas pelos Estados Unidos, Catar e Egito, Washington abriu recentemente um canal direto com o Hamas, com o objetivo de libertar cidadãos americanos sequestrados durante o ataque a Israel em outubro de 2023.
O grupo fez 251 reféns durante a investida e matou cerca de 1.200 pessoas, a maioria civis.
Em uma publicação nas redes sociais no início deste mês, Trump ameaçou os cidadãos de Gaza com “um inferno” se todos os 58 reféns restantes não fossem libertados. Acredita-se que menos da metade ainda esteja viva.
A reação oficial do governo israelense às notícias de conversas diretas entre os Estados Unidos e o Hamas foi limitada a uma única declaração concisa do gabinete de Netanyahu, apenas reconhecendo as negociações. Mas o jornal Yedioth Ahronoth disse que Israel ficou “chocado ao descobrir que, pelas costas, o enviado de Trump (Witkoff) flertou por semanas em Doha” com uma autoridade sênior do grupo palestino.
Em uma tentativa de pressionar o inimigo, Tel Aviv cortou todos os suprimentos de ajuda humanitária para Gaza e no domingo interrompeu o fornecimento restante de eletricidade para o enclave.
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