14 de março de 2025

Groenlândia ‘não está aberta à anexação’, dispara…

O ministro das Relações Exteriores da Dinamarca, Lars Lokke Rasmussen, rejeitou as últimas ameaças do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a respeito da anexação da Groenlândia. O chanceler reiterou que a ilha no Ártico, um território dinamarquês semiautônomo, não poderia ser tomada por outro país.

“Se você olhar para o tratado da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), a Carta da ONU ou a lei internacional, a Groenlândia não está disponível para anexação”, disse ele a repórteres.

Na quinta-feira 13, Trump afirmou que a anexação da Groenlândia pelos Estados Unidos acabaria acontecendo para promover “a segurança internacional”.

“Penso que vai acontecer. Precisamos dela (Groenlândia) para a segurança internacional”, disse Trump na Casa Branca, ao lado do secretário-geral da Otan, Mark Rutte. Anteriormente, em um discurso ao Congresso, o americano já havia dito que obteria a área “de um jeito ou de outro”.

Trump falou em comprar a ilha pela primeira vez em 2019, durante seu primeiro mandato na Casa Branca, e voltou à carga desde que foi eleito em novembro de 2024. Com dois milhões de quilômetros quadrados (80% dos quais cobertos de gelo), o território tem uma população de 56 mil habitantes.

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Os Estados Unidos mantêm uma base militar no norte da Groenlândia, ao abrigo de um amplo acordo de defesa assinado em 1951 entre Copenhagen e Washington.

Cobiça dos EUA e mudanças climáticas

Uma pesquisa de opinião publicada recentemente indicou que 85% dos groenlandeses se opõem à proposta de Trump, e quase metade afirmaram que enxergam a empreitada do republicano como uma ameaça. A recente corrida eleitoral, da qual saiu vitorioso o partido pró-negócios Demokraatit, da oposição, foi dominada pelo tema da anexação e de uma possível independência da Dinamarca – a legenda, porém, favorece uma abordagem mais lenta do processo de divórcio.

Rica em recursos minerais inexplorados, a importância geopolítica da Groenlândia vem aumentando com as mudanças climáticas, apesar do risco que elas significam para o mundo inteiro. Devido ao aquecimento das temperaturas, estima-se que cerca de 28, 5 mil km² (quase 20 vezes a área do município de São Paulo) das camadas de gelo e geleiras da Groenlândia derreteram ao longo das últimas três décadas. Se o gelo da ilha se desfizer completamente, isso poderia fazer o nível do mar subir até 7 metros, de acordo com a agência espacial Nasa.

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Mas também é justamente o recuo do gelo da Groenlândia que pode abrir novas áreas para perfuração de petróleo e gás (acredita-se que o Ártico detenha 13% das reservas de petróleo não exploradas do mundo e 30% do gás natural), bem como para exploração de minerais críticos. A ilha tem reservas de 43 dos 50 minerais considerados “críticos” pelo governo americano, e essenciais para a transição a uma economia verde. Só as terras raras que já foram descobertas somam 42 milhões de toneladas desses recursos, cerca de 120 vezes mais do que o mundo inteiro minerou em 2023.

Além disso, o tráfego de navios no Ártico aumentou 37% na última década, de acordo com um relatório recente do Conselho Ártico, à medida que o gelo marinho diminuiu. Mais derretimento poderia abrir ainda mais rotas comerciais – e quem obtiver o controle delas pode se beneficiar de trajetos mais curtos e taxas menores.

Mas a ilha em si, por enquanto, pode aproveitar pouco dos benefícios colhidos ao preço altíssimo do aquecimento global, já que é extremamente dependente dos subsídios da Dinamarca para sua economia, apesar de ter deixado de ser colônia em 1953. Sua principal atividade é a pesca.

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