O Dalai Lama afirmou que sua reencarnação nascerá fora da China, intensificando a disputa com Pequim pelo futuro da liderança espiritual tibetana.
A declaração está em seu novo livro, “Voice for the Voiceless”, que será lançado nesta terça-feira, 11.
Aos 89 anos, ele rejeita qualquer possibilidade de que seu sucessor seja escolhido pelo governo chinês, que há décadas tenta consolidar seu domínio sobre o Tibete e sua linhagem religiosa.
Desde que se exilou na Índia em 1959, após uma revolta fracassada contra o regime comunista de Mao Zedong, o Dalai Lama se tornou o símbolo da resistência tibetana.
Pequim, no entanto, o classifica como um “separatista” e reafirma que a escolha de seu sucessor caberá ao Partido Comunista. O líder espiritual, por sua vez, rejeita essa possibilidade.
“Se a reencarnação existe para dar continuidade ao trabalho do antecessor, o novo Dalai Lama nascerá no mundo livre”, escreveu.
Questionado sobre o livro, um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores declarou que o Dalai Lama é “um exilado político envolvido em atividades separatistas” e que suas palavras não mudam “o fato objetivo da prosperidade e desenvolvimento do Tibete”.
No mês passado, Pequim afirmou que poderia discutir o futuro do líder tibetano caso ele reconhecesse que Tibete e Taiwan são partes inalienáveis da China – proposta amplamente rejeitada pelo parlamento tibetano no exílio.
Dada a sua idade avançada, ele escreve, suas esperanças de retornar ao Tibete parecem “cada vez mais improváveis”.
Apesar da idade avançada e de recentes problemas de saúde, o Dalai Lama assegurou que pode viver até os 110 anos e afirmou confiar no governo tibetano no exílio para continuar a luta por autonomia.
No livro, ele relata pedidos contínuos de monges e seguidores para garantir a continuidade da linhagem dos Dalai Lamas.
A tradição budista tibetana sustenta que a alma de um monge sênior reencarna no corpo de uma criança. O atual Dalai Lama foi identificado como a reencarnação de seu predecessor quando ele tinha dois anos.
O líder espiritual prometeu divulgar detalhes sobre sua sucessão por volta de seu aniversário de 90 anos, em julho.
No livro, ele expressa confiança no governo tibetano no exílio, sediado em Dharamshala, no Himalaia, para continuar a luta política pela causa tibetana.
“O direito do povo tibetano de ser o guardião de sua própria terra natal não pode ser negado indefinidamente, nem sua aspiração por liberdade pode ser esmagada para sempre pela opressão”, escreve.
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