O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, convocou o presidente da Guiana, Irfaan Ali, para uma reunião sobre a disputa pelo território de Essequibo, rico em petróleo, entre os dois países. Mas o fez zombando do vizinho ao chamá-lo de “Zelensky do Caribe”, em referência ao presidente da Ucrânia. Além da forte identificação entre o líder chavista e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, a provocação ocorre em um momento em que Volodymyr Zelensky aparece enfraquecido, diante da suspensão de assistência militar dos Estados Unidos, que favoreceram Moscou no início das negociações pelo fim da guerra, e um mal-estar com o chefe da Casa Branca, Donald Trump.
Maduro fez a declaração em meio a um novo episódio de tensões, após Ali denunciar, no último fim de semana, uma incursão de um navio militar venezuelano em “águas da Guiana” que a Venezuela alega serem suas – as Forças Armadas venezuelanas negaram a incursão, enquanto o ditador acusou o vizinho de ter uma atitude “guerreira”. O presidente guianense também acionou a Corte Internacional de Justiça (CIJ), mais alto tribunal das Nações Unidas, depois de Caracas convocar eleições para governador em Essequibo.
Disputa territorial
Os dois países lutam há mais de um século pelo território de Essequibo, uma região de 160.000 quilômetros quadrados e rica em recursos minerais. Mas a controvérsia reacendeu-se em 2015, quando a gigante americana ExxonMobil descobriu campos de petróleo no local, e explodiu no ano passado, depois de Maduro convocar um referendo, rechaçado pela comunidade internacional, sobre a anexação de Essequibo e declarar a área parte da Venezuela.
“Pedi que uma reunião imediata do acordo de Argyle fosse convocada, começando há cinco dias, para demonstrar pessoalmente a ele (Irfaan Ali) como ele está violando as leis internacionais e como está usando o mar para ser delimitado”, disse Maduro em seu programa de rádio, referindo-se ao mecanismo que assinou com seu homólogo guianense em São Vicente e Granadinas, em dezembro de 2023.
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No documento, ambos os presidentes concordaram que seus governos “direta ou indiretamente” não usarão força militar um contra o outro “sob nenhuma circunstância”.
“Zelensky do Caribe”
Maduro insistiu em acusar a Guiana de ter “entrado em uma espiral de guerra contra a Venezuela” e destacou que por isso “é totalmente correto qualificar o presidente da Guiana de Zelensky do Caribe”, aludindo à guerra na Ucrânia.
“O senhor Irfaan, o presidente da Guiana, deve imediatamente se retificar e parar de provocar a Venezuela, parar de violar as leis internacionais, sentar-se e conversar comigo cara a cara. Ou ele está com medo?”, questionou o autocrata.
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A Guiana alega que Essequibo faz parte de seu território, com base em uma sentença arbitral de 1889 da CIJ, e solicitou que o tribunal das Nações Unidas a ratificasse. A Venezuela, por sua vez, rejeita a jurisdição da organização no caso e aponta para um acordo de 1966, antes da independência da Guiana, que anulou a sentença e estabeleceu a base para uma solução negociada.
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