O governo de Donald Trump ordenou a suspensão do envio de auxílio militar dos Estados Unidos à Ucrânia poucos dias depois do bate-boca entre o republicano e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
A pausa é uma maneira do presidente americano pressionar o líder ucraniano a aceitar negociações para encerrar guerra com a Rússia. Segundo a Bloomberg e a Fox News, a pausa deve durar até que fique claro para Trump que Zelensky está comprometimento em firmar um acordo de paz.
“Isso não é o fim permanente da ajuda, é uma pausa”, disse um funcionário do governo Trump à Fox News.
Nesta segunda, Trump criticou Zelensky por dizer que acredita que o fim da guerra “ainda está longe, muito longe”. Nas redes sociais, o republicano afirmou que “é a pior declaração que poderia ter sido feita por Zelensky, e os EUA não vão tolerar isso por muito mais tempo!”.
A esperança de Zelensky
No domingo, 2, Zelensky disse ainda estar disposto a assinar o acordo de minerais com os Estados Unidos, que seria assinado na semana passada durante o encontro com Trump, mas que a Ucrânia não irá ceder nenhuma parte de seu território à Rússia como parte de um acordo de paz.
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“Quanto a salvar o relacionamento, acho que nosso relacionamento continuará”, disse a repórteres após uma cúpula em Londres. Mas ele acrescentou: “Não acho certo quando tais discussões são totalmente abertas. … O formato do que aconteceu, não acho que tenha trazido algo positivo ou adicional para nós como parceiros.”
Na sexta-feira, a esperada reunião entre Trump e Zelensky foi marcada por um tenso bate-boca. O resultado: a coletiva de imprensa marcada para após o encontro foi cancelada, assim como a assinatura de um acordo sobre minerais que permitiria que os EUA explorassem terras-raras espalhadas pelo subsolo ucraniano, uma espécie de compensação – cobrada por Trump – pela ajuda militar dada por Washington a Kiev.
Em publicação nas redes sociais, após o encontro, Trump disse que Zelensky “desrespeitou” os Estados Unidos e que poderá voltar à Casa Branca apenas “quando estiver pronto para a paz”.
Trégua parcial
O líder ucraniano disse que não achava que os EUA parariam sua assistência à Ucrânia, porque como “líderes do mundo civilizado” eles não gostariam de ajudar o presidente russo, Vladimir Putin. Ainda assim, ele está pronto para qualquer cenário — e já se movimenta junto de líderes europeus para encontrar possíveis novas soluções.
Nesta segunda-feira, o presidente francês, Emmanuel Macron, disse que a França e o Reino Unido estão propondo uma trégua parcial de um mês entre a Rússia e a Ucrânia, cobrindo ataques aéreos, marítimos e contra infraestruturas de energia. Um eventual acordo, no entanto, não incluiria combates terrestres.
No domingo, após um encontro entre líderes europeus, Macron e o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, já haviam detalhado algumas partes da proposta, que ainda tem pontos a serem esclarecidos — à exemplo do monitoramento de ataques.
Segundo Starmer, “tivemos três anos de conflito sangrento e agora precisamos chegar à paz duradoura”. À BBC, ele acrescentou que “mais um ou dois países” podem se juntar ao plano diplomático que será apresentado aos Estados Unidos. Segundo o premiê, o presidente russo, Vladimir Putin, “não é confiável” e “o pior dos cenários seria chegarmos a uma pausa temporária, e depois Putin voltar”.
Starmer, no entanto, não comentou como o plano abordaria a situação de regiões já ocupadas pela Rússia na fronteira com a Ucrânia, ou a indefinição sobre o futuro da Crimeia, no Mar Negro, anexada pelos russos desde 2014. A cessão ou devolução de territórios ucranianos é considerada o ponto central das negociações para o fim do conflito no leste europeu.
Desde o início da guerra, em fevereiro de 2022, o governo americano gastou cerca de 183 bilhões de dólares em apoio aos ucranianos, segundo o Pentágono — outras estimativas, como do think tank alemão Kiel Institute, calculam que o valor gira em torno de 120 bilhões de dólares, enquanto o próprio Trump alega que mais de 350 bilhões foram gastos com a guerra durante a presidência de Joe Biden.
Também neste domingo, Dmitry Peskov, porta-voz do governo russo, afirmou em entrevista a uma emissora local que as políticas externas dos EUA sob Trump estão alinhadas aos objetivos da Rússia. “A nova administração dos EUA está mudando rapidamente todas as configurações de política externa, e isso coincide em grande parte com a nossa visão”, declarou.
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