Fernando Martínez Mottola, assessor da aliança opositora Plataforma de Unidade Democrática (PUD) e ministro dos Transportes da Venezuela em 1992, morreu nesta quarta-feira, 26, dois meses após deixar o asilo na embaixada da Argentina em Caracas e se entregar às autoridades do regime de Nicolás Maduro. Mottola estava sob liberdade condicional desde sua entrega, quando foi acusado de envolvimento em “atos violentos e desestabilizadores” contra o governo.
A confirmação da morte foi dada à agência de notícias AFP por uma fonte próxima à PUD, que não revelou detalhes sobre as circunstâncias. Segundo Emilio Figueredo, ex-embaixador e amigo pessoal de Mottola, ele sofreu um “derrame cerebral massivo”. A notícia provocou uma onda de solidariedade política na Venezuela, com figuras como Henrique Capriles, duas vezes candidato à Presidência, lamentando pela “perda surpreendente, completamente inesperada e irreparável”.
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Em março de 2024, Mottola buscou asilo na embaixada da Argentina, assim como outro cinco opositores, incluindo aliados próximos de María Corina Machado, todos acusados de conspirar contra o governo de Maduro. No entanto, em 19 de dezembro, ele decidiu se entregar às autoridades e, após depor sobre sua suposta colaboração com atos contra o regime, foi liberado sob liberdade condicional.
Os asilados Magalli Meda, Claudia Macero, Pedro Urruchurtu, Humberto Villalobos e Omar González continuam na sede da embaixada argentina em Caracas. Mais cedo, nesta semana, o grupo denunciou que estava há quase uma semana sem energia elétrica, após o colapso do gerador que fornecia energia ao local. Sem acesso a água, luz e refrigeração, os asilados, que estão no local desde março do ano passado, cobraram respostas da Argentina e do Brasil, que assumiu custódia da representação diplomática em agosto, depois de Buenos Aires e Caracas cortarem relações.
Na semana passada, na primeira notícia da falha do gerador, a líder oposicionista María Corina Machado usou suas redes sociais para condenar a inação da comunidade internacional, chamando a situação de “tortura pura e dura”. Ela acusou o governo de Maduro de violar acordos internacionais de proteção a refugiados. “O mundo democrático deve agir agora”, escreveu.
Os asilados que receberam proteção da gestão do presidente argentino, Javier Milei, fizeram parte da campanha de Edmundo González, porta-estandarte das forças de oposição na Venezuela, e María Corina Machado, de quem o desconhecido diplomata de 75 anos emprestou a popularidade para concorrer quando ela foi impedida por uma manobra do Judiciário, controlado por Maduro. Os funcionários eram encarregados de comunicação e de política internacional, entre outros temas.
Os funcionários estão na embaixada – que segundo regras internacionais é território neutro que não pode ser invadido por forças de segurança – desde março, após pedidos de prisão, parte do que a oposição diz ser uma repressão feroz do governo a críticos antes, durante e depois das eleições presidenciais de julho. No resultado oficial, Maduro foi reeleito, mas fiscais da oposição divulgaram atas de seções eleitorais comprovando a nítida dianteira de González. Europa, Estados Unidos e outros se recusaram a cumprimentar o líder bolivariano.
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