Ao menos seis bebês morreram de hipotermia nas duas últimas semanas na Faixa de Gaza, disseram médicos palestinos nesta terça-feira, 25, à agência de notícias Associated Press. O território foi devastado pelos bombardeios de Israel, em guerra com o grupo radical Hamas desde outubro de 2023, forçando o deslocamento de mais de um milhão de pessoas. Hoje, grande parte dos moradores de Gaza vive em tendas improvisadas.
Embora o cessar-fogo entre Israel e Hamas tenha possibilitado a entrada de ajuda, o frio agrava a crise humanitária no enclave palestino, que tem invernos chuvosos, registrando temperaturas abaixo de 10°C à noite. Em entrevista à Associated Press, o chefe do departamento pediátrico do Hospital Nasser em Khan Younis, Ahmed al-Farah, disse que recebeu o corpo de uma bebê de apenas dois meses de idade.
“Desabotoei suas roupas e dei tapinhas nela, mas não havia respiração nem batimentos cardíacos”, disse o pai da menina, Yusuf al-Shinbat, que encontrou a filha sem respirar nesta manhã. “Ontem, eu estava brincando com ela, dando banho nela e a perfumando. Eu estava feliz com ela. Ela era uma criança linda como a lua.”
Mais dois bebês chegaram ao hospital com o corpo “completamente azul e temperatura muito baixa”, segundo al-Farah. Embora um deles já tenha recebido alta, o outro está em terapia intensiva. O médico Saeed Salah, do Patient’s Friends Hospital em Gaza, afirmou que cinco bebês de um mês ou menos morreram de frio, incluindo um de 1 mês nesta segunda-feira. Cerca de 48 mil palestinos morreram desde a eclosão do conflito.
“Não há combustível, eletricidade, gás, nem meios de aquecimento, e elas e a família foram expostas a frio extremo”, disse Salah, destacando que crianças vivem em acampamentos ou escolas improvisadas como abrigos.
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Cessar-fogo em situação frágil
Israel deseja estender a primeira fase do cessar-fogo com o grupo radical Hamas, à medida que as negociações sobre o futuro da Faixa de Gaza estagnaram, relataram jornais israelenses nesta terça-feira. A etapa está prevista para expirar neste sábado, 1º de março, com duração total de 42 dias. O país também está preparado para retomar os combates caso o debate sobre como implementar a segunda fase, que prevê a libertação total dos reféns e a saída completa das tropas israelenses do enclave palestino, não avancem, acrescentaram os veículos.
Embora Israel tenha adiantado que as negociações seriam retomadas na semana passada, não há sinais de progresso. A proximidade do prazo do primeiro estágio eleva as preocupações, uma vez que esperava-se que as discussões já estivessem evoluídas no final de fevereiro. A extensão cogitada por Tel Aviv demandaria a soltura de novos reféns, bem como de palestinos detidos. Mas, segundo o jornal britânico The Guardian, autoridades israelenses estão “céticas” sobre a viabilidade da alternativa.
As tensões sobre a possível quebra do cessar-fogo aumentaram na semana passada, quando o governo israelense adiou a libertação de prisioneiros palestinos, prevista para o último final de semana. Na decisão, Israel acusou o Hamas de violar “múltiplos termos” do pacto e disse que não aceitaria “cerimônias degradantes”, em referência a dois cativos terem sido obrigados pelos militantes a ver outros reféns serem soltos no sábado.
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