14 de março de 2025

Alemanha vai às urnas neste domingo cercada de dúv…

A Alemanha vai às urna hoje e a União Europeia prende a respiração. O destino da maior economia do continente terá reflexos diretos no futuro do bloco de países que se vê em uma situação inédita desde que surgiu, há pouco mais de três décadas: a ameaça do fim da aliança do atlântico norte com os Estados Unidos e o baixo crescimento econômico.

Pela indicação das pesquisas, o próximo chanceler deve ser Friedrich Merz , líder da União Democrata Cristã (CDU) que tem em Angela Merkel, seu maior expoente. Agora, porém, o partido toma um novo caminho, já que o atual postulante e a política aposentada guardam graves desavenças quanto ao rumo do país.  

Durante 16 anos, Merkel apostou no fornecimento de gás russo barato, no comércio intenso com a China e no poderio militar americano. Com isso, pode focar em manter a roda da economia girando, graças à poderosa indústria alemã, enquanto cuidava em manter a Europa unida. Tudo, porém, mudou com a guerra da Ucrânia. 

Merz chegará ao poder tendo de administrar uma guerra em seu quintal, quase nenhum apoio dos Estados Unidos e uma UE  que corre risco de esfacelar. Nos últimos dias, o presidente americano, Donald Trump, praticamente implodiu a Otan  e abriu um processo de negociação com a Rússia que não inclui a Ucrânia. Seu vice, JD Vance declarou apoio à AfD, Alternativa para a Alemanha, legenda de extrema-direita que tem fortes chances de dobrar de tamanho. “Mudanças tectônicas ocorreram nos centros de poder político e econômico do mundo”, admitiu Merz recentemente, reconhecendo que dificilmente a Alemanha sairá ilesa.

A AfD figura com cerca de 20% das intenções de votos, defendendo bandeiras anti-imigração e anti-islã, como a deportação em massa, a retomada das importações de gás russo, o fim da ajuda militar para a Ucrânia e a saída da zona do euro. Merz fez acenos ao grupo, ao mesmo tempo em que se comprometeu a isolar os radicais,  se negando a formar um governo de coalisão com o que promente ser a segunda maior tendência política do páis.

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A adoção do chamado firewall, como o cordão de isolamento da extrema-direita foi batizado, deve ser o primeiro teste de fogo da gestão Merz, uma vez que, a depender do tamanho da votação da AfD, ele terá dificuldade de formar coalizão em torno de seu governo. O crescimeento da corrente política tem preocupado muitos eleitores, atraindo centenas de milhares às ruas nas últimas semanas em defesa da democracia.

O mais provável é que a CDU busque alianças com os sociais democratas, partido de Olaf Scholz, o chanceler que sai de cena menos de quatro anos após ter chegado ao poder e com os ecologista dos Partido Verde. A aliança porém é frágil dada as divergências que essas duas agremiações guardam com as propostas de Merz de apostar em cortes profundos no orçamento para fazer a economia voltar a crescer. Sessenta milhões de eleitores devem ir às urnas nesse domingo sem a certeza de que rumo a Alemanha irá tomar. 

 

 

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