29 de abril de 2025

O bullying da Casa Branca com Zelensky para ter ac…

O conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Mike Waltz, disse nesta sexta-feira, 21, que espera que o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, assine em breve um acordo com os Estados Unidos para dar a empresas do país acesso privilegiado aos chamados minerais “críticos” do subsolo ucraniano. O presidente americano, Donald Trump, afirmou anteriormente que os recursos servirão para pagar pela assistência militar e financeira – passada, presente e futura – de Washington para Kiev.

“A questão é que o presidente Zelensky vai assinar esse acordo, e vocês verão isso em muito pouco tempo”, prometeu Waltz durante a  Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC, na sigla em inglês), evento que reúne a ultradireita mundial, em Washington.

O governo dos Estados Unidos procura garantir acesso às terras-raras da Ucrânia, onde há minerais estratégicos para o setor bélico e de alta tecnologia (cujos maiores depósitos mundiais são da China), como forma de pagamento por toda a ajuda militar fornecida durante o conflito, que completará três anos na próxima segunda-feira, 24.

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Em entrevista à emissora conservadora Fox News, na semana passada, Trump sugeriu que a Ucrânia “pode ser russa um dia” e também estipulou em US$ 500 bilhões (cerca de R$ 2,89 trilhões) o pagamento em terras-raras que ele deseja em retorno à ajuda militar. No entanto, os recursos são limitados. Dos depósitos importantes na Ucrânia, Zelensky só controla os da região de Dnipropetrovsk. O restante está no leste, onde grande parte do território é dominado pelos russos.

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“Eles (os ucranianos) podem fazer um acordo, eles podem não fazer um acordo. Eles podem ser russos um dia, eles podem não ser russos um dia”, disse o presidente americano.

Sobre os minerais, Zelensky já disse estar disposto a negociar com Washington, mas na quarta-feira 19, em meio a uma renhida troca de insultos com Trump, rejeitou enfaticamente o atual rascunho do acordo de minerais, dizendo que “não estava pronto”. Segundo ele, o tratado foi elaborado apenas sob a lei dos Estados Unidos e oferece compensação inadequada. “Não posso vender nosso Estado”, resumiu.

A questão é que o líder da Ucrânia não tem muito o que fazer, dada a precariedade de sua posição militar e da exclusão de Kiev diante de conversas entre a Rússia e os Estados Unidos sobre o fim da guerra no Leste Europeu. Das inúmeras concessões que Trump já parece ter feito ao homólogo russo, Vladimir Putin – como a concessão de territórios ucranianos e o descarte de uma adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) –, o apoio militar e financeiro de Washington é uma das últimas garantias que lhe resta.

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Guinada de Trump

Os Estados Unidos atuam como o principal mediador da guerra na Ucrânia, mas o retorno de Trump à Casa Branca mudou as regras do jogo. Seu antecessor, Joe Biden, era aliado declarado de Kiev, ao passo que o republicano tem aproximado os laços com Putin. Entre os dois lados, Trump escolheu conversar primeiro com o russo sobre as negociações para o fim do confronto, levantando críticas de Zelensky por ter sido deixado em segundo plano.

Na terça-feira 18, a situação ganhou contornos ainda mais tensos, com a Ucrânia excluída da mesa de negociações numa reunião em Riade, capital da Arábia Saudita. Em meio às críticas do presidente ucraniano sobre a ausência de um convite, Trump subiu o tom e culpou Kiev pela guerra, iniciada após tropas russas invadirem o país vizinho. Também acusou o líder ucraniano de ser um “ditador sem eleições” (seu mandato expirou em maio passado, mas não houve novo pleito porque o país está em estado de guerra).

“Estou muito decepcionado, ouvi dizer que eles estão chateados por não terem um assento (nas negociações)“, disse Trump a repórteres em seu resort Mar-a-Lago, na Flórida, quando questionado sobre a reação ucraniana. Ele também alegou que até um negociador “inexperiente” poderia ter garantido um acordo anos atrás “sem perder muita terra”.

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“Hoje ouvi (de Zelensky), ‘Ah, bem, não fomos convidados.’ Bem, você está há três anos (na guerra)… Você nunca deveria ter começado. Você poderia ter feito um acordo”, completou.

Líderes europeus estão cada vez mais temerosos de que Trump esteja dando concessões demais à Rússia em sua busca pelo acordo com a Ucrânia, que ele prometeu selar antes mesmo de assumir o cargo. Mas o republicano insiste em que seu único objetivo é a “paz”, para acabar com o maior conflito bélico na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

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