28 de abril de 2025

Papa Francisco chega ao local de descanso final: v…

O caixão do papa Francisco chegou à Basílica de Santa Maria Maggiore, no bairro de Esquilino, em Roma, próximo ao Vaticano, pouco após às 13h locais (8h em Brasília) nesta sexta-feira, 26. Ele será o primeiro chefe da Igreja Católica em mais de três séculos a ser enterrado no local, e a cerimônia de sepultamento é privada – sem transmissão.

O enterro ocorre após três horas de rituais fúnebres na Basílica de São Pedro, acompanhados por mais de 250 mil fiéis, segundo o Vaticano, e 130 delegações de chefes de Estado, entre eles Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky (recebido na Praça de São Pedro com aplausos), o líder dos Estados Unidos, Donald Trump, Emmanuel Macron, da França, Javier Milei, da Argentina, e os primeiros-ministros do Reino Unido e Itália, Keir Starmer e Giorgia Meloni, respectivamente.

O funeral começou logo após os líderes mundiais tomarem seus assentos na praça. A dança das cadeiras foi baseada numa complexa ordem de precedência, com a Argentina – país natal do papa – e a Itália na frente.

Francisco morreu na segunda-feira em decorrência de um AVC. O funeral, que começou às 10h locais (5h em Brasília), foi simplificado a pedidos do pontífice, cujo papado foi marcado pela humildade. Trata-se do primeiro dia de Novendiali, um período de nove dias de luto oficial. O argentino de 88 anos também rompeu com outra tradição: será sepultado no mesmo caixão, de madeira e zinco, em que foi velado – lacrado na sexta-feira e colocado neste sábado diante da Basílica de São Pedro. Seus antecessores passaram por três diferentes: de cipreste, chumbo e carvalho.

+ Em Pauta: O futuro da Igreja Católica após o papado de Francisco

As nove missas do dia foram comandadas pelo cardeal Giovanni Battista Re, presidente do Colégio Cardinalício, e contou com mais 220 cardeais e 750 bispos e padres perto do altar. Os patriarcas e cardeais usaram vestes de cor púrpura e mitras brancas de damasco, enquanto os bispos usaram mitras brancas simples. A celebração foi acompanhada pelo Coro da Capela Sistina, cantando em latim. Orações foram recitadas em vários idiomas, incluindo italiano, espanhol, chinês, português e árabe, refletindo o alcance global da Igreja Católica, com 1,4 bilhão de fiéis.

Continua após a publicidade

Outros mais de 4 mil padres celebraram o ritual na praça, orando e distribuindo a comunhão à multidão de fiéis. O líder do ritual observou que a participação massiva do público testemunhada nesta semana de luto diz muito sobre o quanto o pontificado dos últimos doze anos “tocou mentes e corações” de muitas pessoas, não apenas dentro da Igreja.

Durante a homilia, o cardeal Re elogiou o falecido líder da Igreja Católica como um papa do povo, um pastor que soube se comunicar com os “menores entre nós” com um estilo informal e espontâneo. “Foi um papa no meio do povo, com o coração aberto a todos”, resumiu, ao lembrar que a última imagem que muitas pessoas têm de Francisco é a dele proferindo o que se tornaria sua bênção final no Domingo de Páscoa e cumprimentando fiéis durante um passeio improvisado de papamóvel na mesma praça onde seu funeral foi celebrado.

Continua após a publicidade

No funeral do papa João Paulo II, em 2005, o sermão foi proferido pelo cardeal alemão Joseph Ratzinger, que seria eleito 11 dias depois como papa Bento XVI. Re não pode participar do conclave que elegerá o sucessor de Francisco, pois tem 91 anos e não é um candidato papal. Mas observadores do Vaticano acreditam que ele ainda pode ser uma espécie de guia para seus colegas.

O chefe do Colégio Cardinalício também mandou um duro recado aos líderes presentes na cerimônia, dizendo que Francisco defendia a construção de “pontes, não muros” e que as guerras são “desastres trágicos” que tornam o mundo pior. Mais cedo no dia, Donald Trump, que intermedia as negociações de paz entre Rússia e Ucrânia, manteve uma reunião com Zelensky no Vaticano – a primeira desde um desastroso encontro na Casa Branca que terminou em bate-boca.

A multidão irrompeu em aplausos quando o cardeal falou sobre o cuidado de Francisco com os imigrantes, seus constantes apelos pela paz, a necessidade de negociações para acabar com as guerras e a importância de combater as mudanças climáticas.

Continua após a publicidade

A homilia foi seguida pela liturgia da Eucaristia, onde pão e vinho são consagrados e depois compartilhados. Por fim, Re realizou a oração Ultima Commendatio et Valedictio (última recomendação e adeus) e abençoou o caixão com incenso e água benta. Ao redor, fiéis choravam e batiam palmas, ao som das badaladas do sino da catedral de São Pedro. Líderes usaram a ocasião para as últimas conversas – Zelensky, Starmer, Trump e Macron se reuniram rapidamente no Vaticano antes do presidente americano deixar Roma – e muitas pessoas seguiram em procissão pelo trajeto até o local de descanso final de Francisco.

Depois do fim do ritual, o caixão foi levado em um papamóvel adaptado por um percurso de 4,4 quilômetros até a Basílica de Santa Maria Maggiore. Lá, o pontífice pediu em testamento que fosse enterrado “no chão, sem decoração especial”, com uma única inscrição no túmulo, seu nome papal em latim: Franciscus.

Morada final: o templo mariano

Francisco escolheu ser sepultado na Basílica de Santa Maria Maggiore, próxima à estação Termini, em Roma, não no Vaticano. Trata-se de mais uma decisão na contramão de papas anteriores: 23 pontífices repousam nas Grutas do Vaticano. A mudança, contudo, tem forte carga simbólica: o templo abriga a imagem da Salus Populi Romani, a Virgem dos Romanos, diante da qual o papa costumava rezar após sua eleição e antes de cada viagem apostólica.

O trajeto da Praça de São Pedro até a Basílica de Santa Maria Maggiore tem 4,4 km, passando por pontos históricos, como o Coliseu. No caminho, serão entoados cânticos. No entanto, o sepultamento não será aberto ao público. Na Basílica, serão feitas mais orações pela alma de Francisco. No caixão do pontífice, serão colocados os selos do cardeal camerlengo, da Prefeitura da Casa Pontifícia, do Escritório das Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice e do Capítulo Liberiano.

Source link

About The Author