27 de abril de 2025

Zelensky aproveita funeral do papa para ver aliado…

O funeral do papa Francisco atraiu, neste sábado, 26, 130 delegações estrangeiras e cerca de cinquenta chefes de Estado. Antes e depois dos ritos fúnebres, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que foi recebido com aplausos ao chegar no Vaticano, aproveitou a alta concentração de toda sorte de gente importante para se articular com aliados, tratar da guerra contra a Rússia e arejar o ar, sempre pesado, com seu homólogo dos Estados Unidos, Donald Trump.

O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andrii Sybiha, parte da comitiva que acompanhou Zelensky a Roma, afirmou nas redes sociais que o presidente reuniu-se separadamente com o presidente da França, Emmanuel Macron, e o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer.

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Considerados aliados importantes de Kiev na Europa, em especial diante da preocupante aproximação entre Trump e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ambos são os principais autores de uma proposta para estabelecer uma força de manutenção de paz na Ucrânia, com centenas de soldados europeus, no eventual fim da guerra. A ideia é criar garantias de segurança para que a Rússia não volte a invadir o país.

Sybiha afirmou que Macron e Zelensky tiverem um “tête-à-tête sobre novos esforços de paz”. Os dois podem ser vistos sob um guarda-sol em um jardim em uma foto compartilhada pelo chanceler ucraniano.

“A Ucrânia está pronta para um cessar-fogo incondicional. O presidente Zelensky me disse isso novamente hoje. Ele quer trabalhar junto com americanos e europeus para implementá-lo. Agora cabe ao presidente Putin provar que realmente quer a paz”, escreveu o chefe do Eliseu no X, antigo Twitter.

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Em seguida, o líder da Ucrânia “continuou seu trabalho ativo com aliados”, continuou Sybiha, ao reunir-se com Starmer. Eles concordaram em trabalhar intensamente para manter o ritmo positivo nas negociações de paz para encerrar a guerra com a Rússia, informou o gabinete do premiê britânico, falando em um “progresso positivo nos últimos dias” nas tratativas para garantir uma paz justa e duradoura após o fim do conflito.

O presidente da França, Emmanuel Macron (esq.), e seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, se reúnem em Roma, às margens do funeral do papa Francisco. 26/04/2025 -
O presidente da França, Emmanuel Macron (esq.), e seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, se reúnem em Roma, às margens do funeral do papa Francisco. 26/04/2025 – (X/@andrii_sybiha/Reprodução)
Volodymyr Zelensky (dir.) aperta a mão do primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, enquanto discute a guerra na Ucrânia com o aliado às margens do funeral do papa Francisco, em Roma. 26/04/2025 -
Volodymyr Zelensky (dir.) aperta a mão do primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, enquanto discute a guerra na Ucrânia com o aliado às margens do funeral do papa Francisco, em Roma. 26/04/2025 – (X/@andrii_sybiha/Reprodução)
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Zelensky encontrou-se ainda com a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, quem apesar de sua inicial proximidade com Putin moderou o discurso desde que ascendeu ao cargo, em 2022, e se tornou uma importante voz em prol do apoio à Ucrânia na Europa. A líder italiana afirmou em comunicado após a conversa que espera que a Rússia mostre “sinais concretos” de sua disposição para encerrar a guerra na Ucrânia. Ela também enfatizou “a urgência de um cessar-fogo imediato e incondicional”.

Tensão na basílica

Mais cedo, antes do início do funeral do papa, Zelensky reuniu-se por 15 minutos com Donald Trump dentro da Basílica de São Pedro, onde o ritual aconteceu. A Casa Branca descreveu as discussões como “muito produtivas”. Durante a homília, o cardeal Giovanni Battista Re, presidente do Colégio Cardinalício, deu um duro recado a líderes mundiais a respeito de guerras, dizendo que Francisco sempre exortou “construir pontes, não muros”.

Depois do fim do funeral, Zelensky chamou a conversa com Trump de um “encontro muito simbólico” que tem o “potencial de se tornar histórico, se alcançarmos resultados conjuntos”.

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“Esperando resultados em tudo o que abordamos. Protegendo a vida do nosso povo. Cessar-fogo total e incondicional. Paz confiável e duradoura que impedirá que outra guerra ecloda”, afirmou em postagem no X, antigo Twitter, em que agradeceu o presidente dos Estados Unidos.

A reunião com Zelensky ocorreu numa semana agitada. Na segunda-feira, o secretário de Estado americano, Marco Rubio, afirmou que os Estados Unidos abandonarão a intermediação de um acordo “nos próximos dias” se não houvesse progresso. Dias depois, Trump criticou o presidente da Ucrânia por prolongar “o campo de extermínio”, como chamou a guerra, e dificultar negociações. Então, diante do mais mortal ataque russo contra a capital ucraniana, Kiev, em meses, o chefe da Casa Branca enviou um raro recado a Putin, dizendo que “Pare!”

Mas, na sexta-feira 25, Trump afirmou que a Rússia e a Ucrânia estavam “muito próximas de um acordo”, após conversas entre seu enviado Steve Witkoff e o presidente russo, Vladimir Putin, em Moscou. Isso depois do líder americano ter declarado, em entrevista publicada na sexta-feira 25, que “a Crimeia ficará com a Rússia” em um potencial tratado para encerrar a guerra, que já dura mais de três anos. Foi o mais recente exemplo da pressão de Washington sobre a Ucrânia para fazer concessões a Moscou. No passado, Zelensky descartou repetidamente a possibilidade de ceder território.

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