O papado de Francisco foi marcado por uma postura de acolhimento e abertura a discussões que podem levar a reformas significativas na Igreja Católica. Esta é a avaliação de Brenda Carranza, professora de antropologia da Religião da Unicamp, que destaca o legado do pontífice em provocar debates internos na instituição.
Segundo a especialista, o avanço de Francisco se deu principalmente em sua abordagem pastoral e na governança de acolhida. “Ele avançou para falar sobre essa palavra, sobre essas dores e aflições, talvez na sua acolhida, na sua, diríamos, postura pastoral de uma governança de acolhida. Acolher como primeiro ponto”, explica Carranza.
Este posicionamento, no entanto, não ocorreu sem embates internos. A Igreja enfrentou momentos de intenso debate, especialmente no que diz respeito a temas sensíveis como moralidade sexual e conjugal, questões econômicas globais e a crise migratória.
Um dos pontos mais destacados pela professora é a introdução do conceito de sinodalidade nas discussões internas da Igreja. “O ponto da sinodalidade como discussão interna dentro da igreja foi fundamental e é um passo muito forte”, afirma Carranza, ressaltando a importância deste debate para o futuro da instituição.
A sinodalidade, que implica em uma maior participação e corresponsabilidade de todos os membros da Igreja nas decisões e na vida eclesial, é vista como um avanço estrutural significativo promovido por Francisco.
Apesar dos avanços, Carranza reconhece que houve momentos de retorno ao rigorismo dentro da Igreja durante o papado de Francisco. No entanto, ela enfatiza que as expectativas sociais e culturais das últimas décadas clamam por um posicionamento da Igreja “em favor das dores e das aflições de seus fiéis e também uma palavra para a sociedade”.
O legado de Francisco, portanto, parece ser o de ter iniciado discussões cruciais dentro da Igreja, que podem eventualmente levar a reformas mais profundas. Seu papado é caracterizado por uma tentativa de equilibrar a tradição com as demandas contemporâneas, buscando uma Igreja mais acolhedora e em diálogo com o mundo moderno.
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