Faltando pouco mais de seis meses para a COP30, que será realizada no Brasil, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, fez duras críticas à postura do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em relação às mudanças climáticas.
A declaração foi feita nesta quinta-feira (24), durante uma palestra na faculdade FIA Business School, na zona oeste de São Paulo.
“Agora é a vez do teste: Quem tinha compromisso de fato com o meio ambiente e quem agora vai arrefecer?”, questionou Marina. Segundo ela, o posicionamento da maior potência ocidental representa uma ameaça real aos esforços globais para conter o aquecimento da Terra.
“É como se fosse o nosso próprio sistema imunológico atacando o nosso próprio organismo”, afirmou.
A ministra lamentou o impacto que esse retrocesso pode ter sobre empresas e governos que vinham assumindo compromissos com a transição ecológica. “A posição americana desestimula as empresas que estavam mais engajadas. Agora, todos os países terão que trabalhar dobrado para dar conta do recado”, disse.
Diante do que chamou de negacionismo climático de Trump, Marina fez um apelo à população dos Estados Unidos. “Não podemos simplesmente assistir enquanto uma potência não faz o dever de casa. Os primeiros a reagir devem ser os cidadãos e os empresários americanos.”

A ministra também ressaltou o contraste entre os EUA e a China no cenário internacional. Segundo ela, o país asiático tem demonstrado um protagonismo crescente na agenda ambiental, sendo hoje um dos principais provedores de tecnologias para a transformação ecológica global.
“A China faz mais do que fala”, afirmou, citando também os US$ 24 bilhões em financiamento climático externo e a recuperação de 70 milhões de hectares de florestas como exemplos concretos de avanço.
Ainda durante a palestra, Marina chamou atenção para os desafios enfrentados pela União Europeia, que vive um momento de instabilidade política e econômica, com o avanço de discursos negacionistas em alguns países.
“O Brasil tem uma posição privilegiada. É uma liderança ambiental respeitada no mundo todo, e o presidente Lula tem conseguido dialogar com diferentes blocos”, disse ela, reforçando o papel do país na construção de pontes diplomáticas e no fortalecimento do multilateralismo climático.
Saída do Acordo de Paris
Pouco depois de tomar posse, em janeiro deste ano ano, o presidente norte-americano, Donald Trump, assinou um decreto para retirar os EUA do Acordo Climático de Paris.
É a segunda vez que o republicano toma essa decisão. Em 2017, durante seu primeiro mandato, Trump rompeu com o acordo sob a alegação que o documento “traz desvantagens para os EUA para beneficiar outros países”.
O tratado internacional sobre mudanças climáticas foi firmado por mais de 190 países em 2015, e prevê um esforço mundial para limitar o aquecimento global abaixo de dois graus Celsius, mas de preferência a 1,5 grau.
A resolução, no entanto, não é vinculativa. Os países não são obrigados a reduzir sua poluição climática e têm a liberdade de escolher suas próprias metas e métodos para alcançá-las.
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