Plantar café virou um negócio ainda mais valioso. E, para o Brasil, que é o maior produtor do mundo, essa é uma ótima notícia. A alta do café vista desde 2024 é tamanha que o Ministério da Agricultura e Pecuária já prevê que o valor bruto de produção dos grãos vai superar o da gigante cana-de-açúcar pela primeira vez desde que o órgão começou a fazer esse acompanhamento, em 1997.
O preço do café arábica está desde janeiro acima de US$ 3,40 por libra — e nos últimos dez dias voltou a subir, passando de US$ 4 dólares nesta quinta (24) pela primeira vez em um mês e meio.
Isso dá mais ou menos uns R$ 21 por meio quilo de café (ainda sem torrar e moer).
A causa desse fenômeno é uma oferta cada vez menor do produto. É que as safras dos últimos anos têm sofrido com climas secos e chuvas mais esparsas. Ao mesmo tempo, a demanda tem crescido em todo o mundo. E aí, é a regra de mercado: a combinação de menos oferta e muita demanda faz os preços dispararem.
Valor bruto de produção representa quanto dinheiro os produtores rurais ganham com suas plantações e criações de animais ao longo do ano.

Ele é calculado com base na produção da safra e nos preços recebidos pelos produtores nos principais locais de comércio do Brasil, antes de descontarem os gastos com a plantação, colheita e transporte para a venda. A pasta divulga os dados mensalmente para dezenas de produtos da lavoura e da pecuária.
Se as projeções se concretizarem, o café terá um salto de quase 137% em dois anos: de R$ 53 bilhões em 2023 para R$ 80 bilhões em 2025 e R$ 125,7 bilhões até o fim deste ano. Os valores já foram reajustados pela inflação.
Já a cana-de-açúcar, por sua vez, registrou R$ 122,2 bilhões em 2024 e deve chegar a R$ 125,3 bilhões até dezembro. A última vez que o café chegou perto da cana foi em 1999, mas na época o açúcar ainda ficou na vantagem:
A alta do café o coloca, também pela primeira vez, no top 3 de todas as lavouras cultivadas no Brasil, atrás da gigante soja, que desde 2019 está em patamares entre R$ 300 bilhões e R$ 400 bilhões. A segunda colocação, também desde 2019, é do milho, que também tem previsão de alta e deve superar os R$ 157 bilhões em 2025, batendo seu recorde histórico pessoal.
Pelas projeções, Minas Gerais, estado líder na lavoura cafeeira, deve registrar uma alta de 26,5% no valor bruto da produção, acima de Mato Grosso, líder inconteste das lavouras de soja, que deve registrar aumento de 22%. A média nacional deve ficar em 17%.
Café robusta ganha peso
O café mais bebido no mundo é do tipo arábica. Ele tem um gosto mais suave, doce e complexo, e responde por 75% da produção mundial. Já o robusta, também conhecido como conilon, é mais amargo terroso, acaba sendo usado em blends e também como café solúvel.
O Brasil produz dos dois tipos: 38% do café no mundo, de todos os tipos, nasce em terras brasileiras — o Vietnã, segundo maior produtor, responde por 17% da safra global.
Mas nosso carro-chefe é o arábica, que também representa o maior valor bruto de produção.
A novidade, porém, é que a alta no preço do café atinge os dois tipos de grão — e o robusta está ganhando peso no total da lavoura brasileira.
Segundo os dados do ministério, em 2024 o café robusta respondeu por 27,6% do total em valor bruto de produção — um recorde histórico desde 2011, quando a pasta começou a divulgar os dados de cada grão separadamente.
Para 2025, a projeção é de que o robusta chegue a 28,8% do valor produzido em café no Brasil.
Uma das explicações para esse avanço do robusta é justamente o preço da xícara de café para o consumidor final — inclusive o brasileiro. Em janeiro, o preço médio do pacote de café moído nos supermercados passou de R$ 50.
Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics), o café solúvel, feito com grãos robusta, é de 33% a 40% mais barato que o tradicional ou premium torrado e moído.
No primeiro trimestre de 2025, os brasileiros consumiram 240.851 sacas de 60 kg em café solúvel, uma alta de 6,2% em relação a 2024, de acordo com dados da Abics divulgados nesta semana.
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