Por Fernando Arditti, vice-presidente e gerente-geral da WSO2 na América Latina
Enquanto o setor público brasileiro busca facilitar seus serviços em um cenário de digitalização em larga escala, uma questão persiste: como modernizar ainda mais os sistemas legados, integrar diferentes órgãos e oferecer experiências digitais verdadeiramente eficientes à população? A resposta pode estar na adoção de microsserviços — uma arquitetura que prioriza flexibilidade, escalabilidade e integração, e que tem o potencial de transformar a forma como os governos desenvolvem e entregam serviços.
Ao adotar uma estrutura de microsserviços, os órgãos públicos podem transformar a maneira como estruturam seus sistemas e entregam valor. Cada integração pode representar uma funcionalidade específica, como autenticação de usuários, emissão de documentos, validação de dados ou comunicação entre serviços por meio de APIs padronizadas.
Isso facilita a interoperabilidade entre diferentes plataformas e esferas do governo, criando um ecossistema mais coeso e eficiente. Entretanto, modernizar plataformas não é apenas uma questão de modularização — a segurança também precisa ser prioridade. Com múltiplos serviços em operação e uma quantidade crescente de dados sensíveis em circulação, o controle de acesso e o gerenciamento de identidades tornam-se fundamentais para garantir a integridade dos sistemas.
Além disso, a urgência por soluções seguras se intensifica diante do avanço global das ameaças cibernéticas. Segundo o relatório Cyber Security Threats 2024, da consultoria Check Point, o mundo registrou uma média de 1.673 ciberataques semanais contra governos, empresas e cidadãos — um aumento de 44% em relação ao ano anterior.
Instituições de ensino foram os alvos mais frequentes, seguidas por órgãos governamentais e pelo setor de saúde. Os vetores de ataque vêm mudando rapidamente: enquanto as ameaças enviadas por e-mail caíram de 84% para 68% entre 2021 e 2024, os ataques originados na navegação web dobraram no mesmo período, passando de 16% para 32%. Para o Brasil, essa abordagem é especialmente relevante diante da complexidade dos sistemas existentes e da necessidade de oferecer serviços digitais de qualidade à população.
A integração entre ministérios e secretarias, por exemplo, pode ser significativamente otimizada com a adoção de serviços independentes, eliminando retrabalho, reduzindo redundâncias e garantindo que os dados circulem de forma segura e estruturada entre os sistemas.
Criar identidades digitais centralizadas pode simplificar o acesso do cidadão a diversos serviços com segurança e conveniência, ao mesmo tempo que reduz a redundância de dados e melhora a governança das informações públicas.
Além disso, essa arquitetura permite acelerar a entrega de soluções e adaptar serviços com agilidade sempre que surgirem novas demandas — algo essencial em um país com dimensões continentais e uma realidade social diversificada.
Avanço digital no setor público
Em sintonia com as políticas públicas mais recentes, o avanço digital no setor público ganha força com a integração de sistemas e serviços. Nos últimos anos, o governo brasileiro tem dado passos importantes para a implementação de sistemas interoperáveis e a criação de plataformas que integram dados de diferentes órgãos.
A implementação do gov.br como plataforma única de serviços é um exemplo de iniciativa que visa proporcionar um ambiente mais eficiente e conectado para o cidadão — algo essencial para o sucesso da adoção de microsserviços. Essas ações são fundamentais para criar a infraestrutura necessária à operação, uma vez que a interoperabilidade entre diferentes serviços públicos facilita a troca de dados e otimiza os processos administrativos.
Esse cenário reforça a importância de estratégias sólidas de autenticação e autorização, como múltiplos fatores de verificação, acesso unificado entre plataformas e políticas de segurança com diferentes níveis de controle. A combinação entre proteção e fluidez na experiência do usuário é o que garante que os serviços públicos se mantenham confiáveis e acessíveis, mesmo em um ambiente digital cada vez mais complexo.
O futuro dos serviços públicos passa, inevitavelmente, pela simplificação das estruturas digitais — e, diante disso, os microsserviços são mais do que uma tendência: são um passo necessário rumo à construção de um Estado mais inteligente, acessível e conectado com as necessidades da sociedade brasileira.
A adoção de microsserviços representa mais do que uma tendência: é um passo estratégico rumo à simplificação das estruturas digitais do país. Ao permitir a criação de sistemas modulares, escaláveis e interoperáveis, essa abordagem dá suporte a um governo mais ágil, responsivo e centrado no usuário. Mas, para que essa transformação seja efetiva, a segurança precisa evoluir na mesma medida.
Padrões internacionais de segurança também se mostram fundamentais para garantir a conformidade das soluções implementadas, e estratégias de autenticação e autorização — como o uso de múltiplos fatores de verificação, SSO e políticas de acesso granular — tornam-se indispensáveis para proteger dados sensíveis e garantir a confiança do usuário. A combinação entre estrutura moderna e segurança inteligente é o que permitirá ao setor público oferecer serviços mais eficientes, confiáveis e verdadeiramente digitais à população brasileira.
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