O ex-ministro das Relações Exteriores da Colômbia, Álvaro Leyva, acusou nesta quarta-feira, 23, o presidente Gustavo Petro de abuso de drogas e de desaparecer por dois dias em uma viagem oficial à França, em 2023.
Em carta direcionada ao líder colombiano, publicada no X, antigo Twitter, Leyva disse que o discurso de posse de Petro sobre “igualdade, liberdade, fraternidade, justiça social e paz abrangente” o atraiu para o governo, mas que a realidade não condizia com o idealismo e que testemunhou cenas de “mal-estar e perplexidade”.
“As lembranças que ainda tenho frescas de episódios que ocorreram quando fui a primeira testemunha ainda me causam desconforto e confusão. Uma delas, a vez que o senhor desapareceu por dois dias em Paris durante uma visita oficial. Como se a Inteligência francesa fosse incompetente o suficiente para não saber seu paradeiro”, disse o texto.
“Momentos embaraçosos para mim como pessoa e como seu chanceler. Ainda mais quando descobri onde o senhor esteve.”
“Lamento dizer isso hoje — tarde, é verdade — mas naquela época eu já estava ciente de episódios de comportamento semelhante da sua parte. Foi em Paris que pude confirmar que o senhor tinha um problema de dependência de drogas”, continua a carta. “Mas o que eu poderia fazer? Eu certamente era inferior. Deveria ter me aproximado, o ajudado e auxiliado em tempo hábil. Guardo dentro de mim o arrependimento de não ter tentado entrar em contato. A verdade é que o senhor nunca se recuperou. É assim. Infelizmente, sua recuperação nunca aconteceu.”
Ciudadanas, ciudadanos
Me permito darles a conocer la carta que hice llegar ayer 22 de abril del año en curso, al señor Presidente de la República, doctor Gustavo Petro Urrego. Incluyo el sello comprobante de recibo en la Presidencia, hora 1:52 p.m. pic.twitter.com/5xm7QHwuKy
— Álvaro Leyva Durán (@AlvaroLeyva) April 23, 2025
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Resposta de Petro
Petro rebateu as alegações do ex-ministro. Também em publicação no X, ele ironizou que “tornou-se um pecado” passar tempo com a família. Ele também criticou os veículos de comunicação, dizendo: “A única maneira de a imprensa publicar cartas é me insultando. Isso não fala mal apenas do escritor, mas também da imprensa”.
“Paris não tem parques, museus e livrarias mais interessantes que o escritor, o suficiente para passar dois dias? Quase tudo em Paris é mais interessante. Não tenho filhas e netas em Paris que são muito mais interessantes que o escritor?”, escreveu o presidente.
“Como vários dos meus filhos e minha mãe moram no exterior e, devido à perseguição que sofremos, tenho pouquíssimas oportunidades de vê-los. Não imaginei que esse fato pudesse despertar suspeitas terríveis nas pessoas com quem apertei a mão”, acrescentou em outro post.
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Outras acusações
O jornal colombiano El Tiempo disse é a primeira vez na história recente que uma figura de alto escalão do governo da Colômbia questiona “as faculdades” do presidente, mergulhando o país em uma crise política. Ao veículo, a congressista Katherine Miranda disse destacou que as acusações “graves” seriam irrelevantes “se estivéssemos falando de qualquer pessoa idosa, mas estamos falando do chefe de Estado”.
Não é a primeira vez, no entanto, que Petro é acusado de abusar de substâncias. Em 2023, ele negou acusações e respondeu que a única coisa que era “viciado é café da manhã”.
Mas, no início deste ano, o presidente da Colômbia polemizou ao amenizar os efeitos da cocaína, a droga mais produzida no país, argumentando que “não era pior que uísque” e só era ilegal por ser fabricada na América Latina.
A produção do pó branco disparou desde que Petro assumiu o cargo, há quase três anos, segundo dados do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime.
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