23 de abril de 2025

Papa Francisco escolheu Santa Maria Maggiore para…

Ao receber alta do hospital público Gemelli no dia 23 de março, papa Francisco fez uma parada silenciosa e simbólica: antes de retornar ao Vaticano, foi até a Basílica de Santa Maria Maggiore para deixar um maço de flores amarelas aos pés da imagem da Salus Populi Romani. A cena comovente resumiu o seu pontificado — uma entrega fervorosa à Virgem Maria. Agora, morto aos 88 anos, Francisco será sepultado ali, conforme seu desejo expresso em testamento.

“Peço que meus restos mortais repousem, à espera do dia da ressurreição, na Basílica Papal de Santa Maria Maggiore”, escreveu em documento datado de 29 de junho de 2022. A decisão, já conhecida por seus mais próximos, foi oficialmente confirmada pelo Vaticano após sua morte. Seus funerais acontecerão no sábado, 26, na Praça de São Pedro, e, em seguida, seu corpo será levado à basílica mariana para o sepultamento.

O local escolhido por Francisco carrega um profundo simbolismo. No texto, ele escreveu: “Minha vida e meu ministério sacerdotal e episcopal confiei sempre à Mãe do Nosso Senhor, Maria Santíssima. Por isso, desejo que minha última viagem terrestre termine justamente neste antigo santuário mariano, onde tantas vezes rezei no início e no fim de cada missão apostólica, entregando-lhe minhas intenções com confiança e gratidão”.

A tumba, conforme suas instruções, será simples, sem adornos, localizada entre a Capela Paulina — onde está a venerada imagem da Salus Populi Romani — e a Capela Sforza. A inscrição? Apenas “Franciscus”.

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Santa Maria Maggiore é uma das quatro basílicas papais e uma das mais importantes igrejas dedicadas à Virgem Maria. Sua construção data do século IV, durante o papado de Libério, após uma aparição da Virgem Maria que teria escolhido o local para a construção do templo. O local também abriga importantes relíquias, como a imagem da Virgem Maria conhecida como “Salus Populi Romani”, considerada uma das mais veneradas em Roma. A basílica é um ponto de peregrinação importante e um testemunho da história religiosa e artística de Roma.

Desde o início de seu pontificado, a relação de Francisco com a Basílica de Santa Maria Maggiore foi intensa. Na manhã seguinte à sua eleição, em 14 de março de 2013, o então novo papa fez sua primeira visita pública até ali, levando flores à Virgem. Essa visita se repetiu em cada ida e volta de viagens apostólicas. Muitas vezes, seus assessores ligavam da aeronave papal para avisar que ele passaria pela basílica antes de voltar à Casa Santa Marta.

A Basílica de Santa Maria Maggiore é um dos santuários mais visitados de Roma e um lugar de grande devoção para os peregrinos. Uma das características mais notáveis é a Porta Santa, que os fiéis atravessam durante os anos jubilares, buscando a indulgência plenária. Essa porta simboliza um caminho de fé e renovação espiritual, algo que Francisco sempre enfatizou em sua missão como pontífice.

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Momentos históricos de seu pontificado também passaram por essa devoção. Em março de 2020, no auge da pandemia de Covid-19, Francisco rezou sozinho diante da Salus Populi Romani, implorando pelo fim da tragédia. Dias depois, a imagem foi conduzida até a Praça de São Pedro, em uma noite de chuva, para a histórica bênção Urbi et Orbi, em silêncio, diante de um mundo em luto.

A escolha de Santa Maria Maggiore como sua morada definitiva é, portanto, uma escolha natural. O Santo Padre reafirma, mesmo na morte, o traço muito peculiar de seu pontificado: a opção por uma vida simples e sempre com Maria.

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