A morte do Papa Francisco gerou comoção global e um raro consenso positivo nas redes sociais. A pedido da coluna, a agência Ativaweb, especializada em comunicação digital e big data, levantou as menções ao pontífice após sua morte e avaliou o teor das citações. O resultado: 94% das menções foram positivas.
Foram cerca de 18 milhões de interações nas principais redes, o Facebook, o Instagram, o X (antigo Twitter) e o TikTok. Usando inteligência artificial e processamento de linguagem natural, a agência identificou que a maior parte das menções estavam em mensagens de homenagem, de reconhecimento do legado e em palavras de carinho, destacando Francisco como um símbolo de diálogo inter-religioso e justiça social.
As citações neutras, segundo o levantamento, foram 5% do total. Estão nesse grupo conteúdos informativos e históricos. As mensagens negativas foram apenas 1%, com críticas isoladas e teorias conspiratórias.
Das quase 18 milhões de interações registradas nos dois dias analisados (21 e 22 de abril), 58% das interações aconteceram em plataformas do grupo Meta (Facebook e Instagram). Outras 31% ocorreram no X. E 11%, no TikTok.
O relatório identificou dois principais tipos de busca. O primeiro é de buscas que tinham por objetivo confirmar que Francisco havia morrido, por meio de termos como “Papa morreu”, “Papa Francisco faleceu” e “Morte do Papa Francisco”. Outro grupo se relaciona a buscas históricas, com termos como “João Paulo II”, “Papa Bento XVI” e “Papa Francisco idade”. “Esses termos apontam para um comportamento digital comum em grandes eventos: a tentativa de confirmar rapidamente os fatos e contextualizar a história do personagem envolvido”, explica o cientista de dados Alek Maracajá, responsável pelo estudo.
Para a coluna, é espantosa essa quantidade ínfima de menções negativas, dado que o histórico da Igreja Católica é de séculos de práticas contrárias às principais mensagens que, agora, são atribuídas ao Papa Francisco. É preciso lembrar que, como instituição, a Igreja perseguiu, torturou e matou minorias e integrantes de grupos críticos à sua doutrina.
O próprio Jorge Mário Bergoglio tem, em parte, um passado controverso, com um episódio nunca totalmente esclarecido sobre suposta omissão na prisão de dois padres ligados à Teologia da Libertação pela ditadura argentina.
Sim, o papa Francisco foi melhor que a maioria dos colegas de papado que lideraram a igreja, vide o fato de ter sido um ambientalista, mas poderia ter tentando mudar mais coisas dentro de um sistema ainda muito opressor.
É discutível, portanto, esse consenso em torno do agora falecido Papa Francisco. Lembremos, inclusive, que esse ambiente das redes sociais é o mesmo no qual se propagam com facilidade os absurdos do Trumpismo e do Bolsonarismo contra a ciência e qualquer tipo de conhecimento científico – uma espécie de efeito manada em que não há racionalidade nenhuma.
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