Criadores de conteúdo chineses estão se aproveitando da ansiedade gerada pelas políticas econômicas do ex-presidente Donald Trump para vender versões “alternativas” de produtos famosos. O formato se tornou viral em redes sociais como o TikTok, prometendo descontos quase inacreditáveis caso o consumidor compre “diretamente da fonte”.
A ideia por trás desses vídeos é simples: convencer os usuários de que marcas conhecidas atuam apenas como intermediárias na venda de produtos e que, ao negociar diretamente com fábricas e fornecedores, seria possível adquirir os mesmos itens por uma fração do preço cobrado no varejo.
Esses criadores divulgam supostos produtos de marcas como Hermès, Birkenstock, Tide Pods, Lululemon e Louis Vuitton, todas bastante populares nos Estados Unidos. Em uma publicação destacada pelo The Verge, por exemplo, um influenciador promete vender calçados variados da Birkenstock por apenas US$ 10 (cerca de R$ 58, em conversão direta).
Em outro vídeo destacado pelo The Independent, uma mulher divulga ofertas de produtos supostamente da Lululemon por cerca de US$ 5 (R$ 28). “O material e a mão de obra são basicamente as mesmas porque os produtos vem da mesma linha de produção”, dizia a apresentadora, posicionada a frente de uma aparente fábrica.
Produtos podem ser pirateados
A produção de produtos manufaturados dos mais diversos tipos se concentra na China atualmente. Eletrônicos, têxteis, calçados e muitas outras categorias têm no mercado chinês suas principais fábricas. Contudo, há que se fazer algumas ressalvas sobre os vídeos do TikTok que estão viralzando.
A promessa de produtos muitos mais baratos soa boa demais para ser verdade — e, na maioria dos casos, é mesmo. No caso da Birkenstock, a empresa afirma que toda a sua produção é feita na Alemanha, ou seja, ela não atua apenas como intermediária na venda dos calçados.
Ao The Independent, a Lululemon afirmou que produz somente 3% dos seus produtos na China — e todos eles estão listados no site.
Dessa forma, a suposta fábrica chinesa que oferece pares por US$ 10 está, na verdade, vendendo produtos falsificados. Avaliações de compradores confirmam a suspeita de falsificação: algumas unidades chegaram com etiquetas de marcas como Kidmi ou até mesmo sem marca nenhuma.
A ansiedade do consumo
As políticas econômicas adotadas por Donald Trump geraram um clima de incerteza nos Estados Unidos, como destacou o The Verge, e esse tipo de conteúdo surfa nessa instabilidade. Os vídeos apelam para o medo de aumento de preços causados pelas tarifas de importação impostas contra a China, prometendo soluções milagrosas para economizar.
Mesmo que os produtos oferecidos não sejam legítimos, a popularização desse conteúdo ajuda a reforçar a ideia de que produtos chineses são sempre mais baratos e acessíveis — e, muitas vezes, até comparáveis em qualidade aos do mercado norte-americano.
E apesar de alguns dos produtos serem de fato falsificados, é importante relembrar que a China produz senão a totalidade, várias peças e componentes de uma parte importante dos bens de consumo que circulam no mundo todo.
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