Arcebispo fala sobre tradição cristã, Tríduo Pascal e Campanha da Fraternidade que neste ano trata de ecologia

A Sexta-Feira Santa é uma das datas mais importantes para católicos e cristãos em todo o mundo. Momento de penitência e silêncio. É o único dia do ano litúrgico em que não se celebra missa nas igrejas, em sinal de luto pelo que os católicos acreditam ter sofrido Jesus na cruz. Em entrevista ao Campo Grande News, o arcebispo metropolitano de Campo Grande, Dom Dimas Lara Barbosa, falou do período, conversa que todo ano ocorre para provocar reflexão, lembrando que a data vai além do feriado e molda o calendário cristão como conhecemos.
A Sexta-Feira Santa é uma data crucial para católicos, marcada pela ausência de missas em respeito ao sacrifício de Jesus. Dom Dimas Lara Barbosa, arcebispo de Campo Grande, destaca a Páscoa como o centro do calendário cristão, influenciando datas como o Carnaval e a Quaresma. O Tríduo Pascal começa com a Missa do Lava-Pés e culmina na Vigília Pascal, onde ocorrem batizados de adultos. A Páscoa simboliza alegria e ressurreição, precedida por 40 dias de Quaresma, um período de jejum e reflexão. No Brasil, a Campanha da Fraternidade aborda temas sociais, com 2024 focando na “Ecologia Integral”.
É um convite da igreja ao silêncio interior, ao arrependimento, à introspecção. A tradição cristã entende que em vez de palavras, é dia de escutar com o coração, acompanhando Jesus em seu caminho ao Calvário. E Dom Dimas dá algumas dicas do que precisa ser analisado hoje. “A Páscoa é um tempo de alegria, vida, ressurreição. O foco das reflexões é muito mais isso, de viver uma vida de pessoas que foram libertadas, de pessoas que acreditam em um horizonte que vai além do simples horizonte nosso aqui”, pontua.
A preparação para a Páscoa ocorre durante os 40 dias da Quaresma, período marcado por missas e leituras bíblicas que remetem ao mistério da paixão, morte e ressurreição de Cristo. Assim como no Natal, a celebração é antecedida por um tempo de preparação.
“São tempos de interiorização e preparação para uma grande festa. O Advento prepara para o Natal e a Quaresma, para a Páscoa. É um período marcado por jejum, penitência, caridade e oração. Mas a abstinência não precisa ser só de carne, nem o jejum apenas de comida. Eu costumo brincar com o povo: fazer jejum da língua, da raiva, da falta de paciência. Ou, de forma positiva, praticar gestos concretos de misericórdia”, comenta o arcebispo.

Ele cita ainda as obras de misericórdia temporais, como dar de comer a quem tem fome, visitar presos e cuidar dos doentes; e as espirituais, como ouvir quem precisa desabafar. “Muitas vezes, as pessoas só querem isso: se sentir acolhidas”, ressalta.
Assim como o Natal, a Páscoa também tem um “clima extra-religioso”, segundo Dom Dimas. “Isso contribui muito para que as pessoas, inclusive, voltem à fé por outros caminhos.”
Campanha da Fraternidade – No Brasil, há mais de 60 anos existe a Campanha da Fraternidade, uma iniciativa exclusiva do país. A cada ano é escolhido um tema, muitas vezes com relevância social, mas também de importância eclesial. Em 2024, o tema é “Ecologia Integral”, com ações realizadas em todo o país.
“A Campanha da Fraternidade está presente desde os condomínios até as populações ribeirinhas do Amazonas. É uma forma concreta de levar reflexão às pessoas. O foco é sempre os católicos, mas a campanha está nas universidades, nas câmaras municipais, nas assembleias legislativas, por conta da relevância dos temas. Falar de saúde pública, biomas, ecologia ou superação da violência não é coisa só de católico, é questão de cidadania”, afirma Dom Dimas.
Com o foco na ecologia, o arcebispo comenta que serão realizadas ações de plantio de árvores, conforme orientação da Prefeitura. A Igreja, inclusive, tem obrigações ligadas a PRADAs (Planos de Recuperação de Área Degradada).

Dom Dimas lembra ainda de campanhas anteriores, como a que tratou da violência. Na ocasião, foram criados 11 grupos temáticos que abordaram diversos tipos de violência, como contra mulheres, idosos, crianças, e resultaram em ações concretas. A partir disso, a Arquidiocese criou grupos de escuta em várias paróquias e um curso de prevenção ao suicídio, que ganhou destaque nacional.
“Agora, terminando a Campanha da Fraternidade nós vamos nos reunir para poder ver de que maneira concretamente a questão ecológica pode estar presente nas nossas ações, além dos PRADAs que nós temos que realizar, uma proposta que já surgiu é inserir o tema da ecologia no programa de teologia da UCDB, de modo que você vai formando os alunos, e particularmente os futuros padres, com uma consciência ecológica”, conclui o arcebispo.
Dias santos – As datas do ano litúrgico são definidas a partir da Páscoa, que, na Terra Santa, é celebrada na primeira lua cheia. No caso dos judeus, trata-se de uma data móvel, enquanto para os católicos a celebração ocorre no domingo seguinte à primeira lua cheia.
“Marca-se a data da Páscoa, calcula-se a Semana Santa e mais os 40 dias da Quaresma, e então se chega ao Carnaval. A Páscoa, para nós, é o centro, porque é a comemoração do sacrifício de Cristo: paixão, morte e ressurreição”, explica o arcebispo.
Estamos em pleno Tríduo Pascal, período de três dias, que começa na Quinta-feira Santa, com lava-pés que reproduz ato que antecedeu a morte de Cristo, e se estende até o Domingo de Páscoa.
Neste ano, que a Campanha da Fraternidade fala de Ecologia Integral, as comunidades indígenas são centro das celebrações. O arcebispo presidiu a celebração de quinta-feira (17), por exemplo, na Aldeia Urbana Água Funda, em Campo Grande. Já nesta sexta-feira (18), participa das atividades religiosas na área rural de Corguinho, no distrito de Taboco.
A Sexta-Feira Santa é marcada pela cerimônia da Paixão de Cristo, geralmente realizada às 15h. A celebração ocorrerá em diversas igrejas da Capital. Nesse momento, os fiéis leem de forma detalhada a Paixão segundo São João e realizam orações de meditação sobre o tema.
No sábado (19), é celebrada a Vigília Pascal, considerada por Dom Dimas como a principal de todas. “É uma missa longa, normalmente com cerca de três horas de duração, várias leituras e, nela, costumam ser realizados os batizados de adultos. A partir daí, inicia-se o Tempo Pascal”, explica.
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