A Netflix traçou uma meta ambiciosa para os próximos anos: atingir US$ 1 trilhão em valor de mercado e dobrar a receita até 2030. Os planos foram apresentados a executivos seniores da companhia durante a reunião anual de revisão de negócios, realizada no mês passado, e revelam a crescente força da gigante do streaming em um mercado cada vez mais competitivo.
Apesar das incertezas econômicas e das tensões comerciais que preocupam Wall Street, os executivos da empresa demonstraram otimismo com as perspectivas de crescimento. Segundo fontes presentes no encontro, a Netflix quer saltar dos US$ 39 bilhões de receita registrados em 2023 para cerca de US$ 78 bilhões até o final da década.
Outra meta é elevar a receita global com publicidade para cerca de US$ 9 bilhões — a empresa não divulga esse número publicamente, mas estimativas da consultoria eMarketer apontam que só nos EUA, esse faturamento deve ultrapassar US$ 2,15 bilhões em 2025.
Além disso, a meta da Netflix é triplicar o lucro operacional, que foi de US$ 10 bilhões no ano passado. Atualmente, a empresa tem um valor de mercado próximo de US$ 400 bilhões.
A valorização das ações da empresa, que subiram mais de 50% nos últimos 12 meses, tem sido impulsionada por medidas como o combate ao compartilhamento de senhas, reajustes graduais de preços e a expansão de sua área de publicidade.
Brasil e Índia estão no alvo da Netflix
Líder global em streaming, com títulos populares como “Adolescence” e “Black Mirror”, a Netflix encerrou 2023 com 301,6 milhões de assinantes no mundo e quer alcançar cerca de 410 milhões até 2030.
No último trimestre — o último em que pretende divulgar o número de novos assinantes — a empresa adicionou 18,9 milhões de usuários, em um movimento que reforça seu foco em mercados internacionais.
Brasil e Índia estão entre os principais alvos da Netflix. Com penetração elevada de banda larga, esses países são considerados estratégicos para o crescimento da base de assinantes, especialmente diante da saturação do mercado norte-americano.
Recessão pode ajudar a Netflix
Em uma reunião de negócios realizada em março — antes do anúncio das novas tarifas comerciais pelo presidente Donald Trump —, executivos da Netflix reconheceram a possibilidade de uma recessão nos Estados Unidos.
Ainda assim, demonstraram confiança de que o setor de streaming pode ser menos impactado em cenários econômicos adversos, já que consumidores tenderiam a ficar mais em casa, buscando entretenimento na TV em vez de frequentar cinemas ou restaurantes.
Um dos pilares dessa estratégia é o plano com anúncios, lançado em novembro de 2022. Inicialmente com adesão modesta, essa modalidade ganhou tração nos últimos meses.
Segundo dados da consultoria Antenna, 43% das novas assinaturas da Netflix nos EUA em fevereiro foram no plano com publicidade — um avanço em relação aos 40% registrados em janeiro.
Apesar de ainda ser uma frente recente, o negócio de publicidade da Netflix já começa a mostrar sinais de maturação.
O analista Robert Fishman, da MoffettNathanson, afirmou em relatório recente que o modelo “começa a ganhar escala”, o que pode abrir uma nova avenida de crescimento para a companhia. Neste mês, a Netflix deve substituir a Microsoft — parceira inicial no fornecimento de tecnologia publicitária — por sua própria solução de ad tech nos Estados Unidos.
Esporte ao vivo
A empresa também tem investido em atrativos para os anunciantes, como a inclusão de esportes ao vivo no catálogo e a redução das tarifas de publicidade no ano passado, tornando seus preços mais alinhados com os de outras plataformas de streaming. A medida ajudou a atrair novas marcas para o ecossistema da empresa, segundo compradores de mídia.
Agora, a Netflix se prepara para o “upfront”, tradicional evento do setor que marca o início da temporada de vendas publicitárias. A apresentação da empresa está marcada para 14 de maio, no Perelman Performing Arts Center, em Nova York, e deve reunir grandes agências e anunciantes, em mais um movimento da gigante do streaming para reforçar sua presença no mercado publicitário global.
Traduzido do inglês por InvestNews
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