15 de abril de 2025

Sudão vive a ‘pior crise humanitária do mundo’, di…

A guerra civil no Sudão entra em seu terceiro ano nesta terça-feira, 15, e o país mergulha ainda mais fundo em uma crise sem precedentes. O conflito entre o Exército sudanês e as forças paramilitares das RSF (Forças de Apoio Rápido) já provocou níveis alarmantes de deslocamento, fome e violência. Por conta disso, organizações civis e as Nações Unidas classificam a situação como a “pior crise humanitária do mundo” atualmente, além de denunciarem o abandono da comunidade internacional diante da calamidade.

“O Sudão está pior do que nunca”, afirmou Elise Nalbandian, da Oxfam, organização internacional que atua para acabar com a pobreza. “É a maior crise humanitária, a maior crise de fome, a maior crise de deslocamento. Estamos quebrando todos os recordes errados.” Para Daniel O’Malley, da Cruz Vermelha, houve violações “em larga escala” do direito internacional humanitário no conflito.

Situação insustentável

Reunidos em Londres nesta terça-feira, ministros de vinte países tentam correr atrás de esforços diplomáticos para conter a tragédia. Até agora, as tentativas para reduzir a tensão no país africano foram ofuscados por outros focos de conflito global, como as guerras na Ucrânia e em Gaza. Enquanto isso, mais de 13 milhões de pessoas foram forçadas a deixar suas casas no Sudão — 4 milhões delas fugiram para países vizinhos —, quase 25 milhões enfrentam insegurança alimentar e milhares morreram em ataques deliberados a civis.

A mais recente onda de violência ocorreu em Darfur, no oeste do país, onde as RSF bombardearam campos de refugiados em El Fasher. Um porta-voz das Nações Unidas disse à agência de notícias AFP que o escritório de direitos humanos da organização havia verificado 148 assassinatos e recebido relatos de “fontes confiáveis”, indicando que o número total de mortos ultrapassava 400.

Segundo a agência de notícias Reuters, dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM), ligada às Nações Unidas, sugerem que até 400 mil pessoas foram deslocadas apenas do campo de Zamzam desde o fim de semana.

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Guerra civil

A origem do conflito remonta à queda do ditador Omar al-Bashir, em 2019. Seus antigos aliados — o general Abdel Fattah al-Burhan, do Exército, e Mohamed Hamdan Dagalo, o Hemedti, comandante das RSF — entraram em rota de colisão em 2023.

Desde então, o Sudão virou palco de atrocidades sistemáticas, como estupros em massa, execuções de civis e destruição completa de bairros residenciais. Em janeiro deste ano, os Estados Unidos reconheceram oficialmente que as RSF cometeram genocídio, repetindo um episódio trágico já vivido pelo país nos anos 2000.

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