16 de abril de 2025

Embraer sobe com veto da China à Boeing, mas ainda falta ‘combinar com os russos’

As ações da Embraer fecharam em alta de 3% hoje, depois que a China suspendeu o recebimento de novas aeronaves da Boeing pelas companhas aéreas do país.

A princípio, parece lógico: Boeing e Embraer fabricam o mesmo produto, aviões. Se a Boeing acabar banida da China, por cortesia da guerra comercial, terreno livre para a companhia de São José dos Campos, não? Não.

Nenhum modelo da Embraer concorre com aeronave alguma da Boeing. O menor avião da cia americana é seu best seller, o 737. Ostensivamente usado pelas três grandes aéreas chinesas – Air China, China Eastern, e China Southern.

A capacidade típica de um Boeing 737 é de 189 passageiros. O maior avião da Embraer, o E195-E2 leva até 146. Para uma companhia aérea, trocar um avião pelo outro significa alterar o modelo de negócios. Para levar mil pessoas, um 737 precisa de 5,2 viagens. Um E195-E2, de 6,8 viagens.

O 737 vai mais longe: até 7,1 mil km. Tem capacidade intercontinental (ainda que limitada). O E195-E2 vai até 4,8 mil km. É uma aeronave regional.

O modelo da Embraer é mais eficiente em rotas curtas e com baixa demanda de passageiros. O da Boeing, em rotas nem tão curtas e com alta demanda. São animais diferentes. Cada um sabe fazer dinheiro em seu habitat.

Só que as aéreas, em geral, preferem aeronaves do tamanho do 737 para a maior parte de suas rotas. No Brasil, só a Azul usa aeronaves da fabricante de São José dos Campos. A Gol tem apenas 737’s. A Latam, nessa categoria, apenas o concorrente dessa aeronave, os Airbus A-319, A-320 e A-321.

Ou seja: numa eventual realidade com a Boeing banida da China, a opção natural para as aéreas de lá seria mudar para a europeia Airbus.

E ainda existe uma opção local, o Comac 919, de fabricação chinesa, com capacidade típica para até 190 passageiros – equivalente à de um 737. Para os voos regionais, o território da Embraer, as aéreas chinesas têm encomendado outro modelo da Comac, o 909 (70 a 105 assentos).

A Embraer busca ativamente vender o E195-E2 na China. Mas até agora não houve pedidos. Um cenário sem a Boeing pode ajudar, caso isso inspire algumas aéreas chinesas testar outros modelos de negócio, com aeronaves menores. Mas não se trata de uma de um movimento automático.

Os beneficiados diretos são, mesmo, Airbus e Comac.

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