A procura se deu devido ao aumento de casos de síndromes respiratórias nas últimas semanas

Com o aumento dos casos de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) em Campo Grande nas últimas semanas, mães têm recorrido a clínicas particulares para entrar na fila de espera de uma vacina que protege contra a bronquiolite. O imunizante, disponível apenas na rede privada, custa cerca de R$ 4 mil e previne bebês contra a forma da doença causada pelo VSR (Vírus Sincicial Respiratório), responsável por grande parte das internações.
Com o aumento dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em Campo Grande, mães recorrem a clínicas particulares para vacinar bebês contra a bronquiolite causada pelo Vírus Sincicial Respiratório (VSR). A vacina, disponível apenas na rede privada, custa cerca de R$ 4 mil. A alta demanda esgotou rapidamente o último lote. A doença evolui rapidamente em bebês de até um ano, aumentando o risco de internação e morte. Dados indicam três mortes de crianças menores de um ano por SRAG em 2025 na cidade. O Ministério da Saúde planeja incluir a vacina no SUS em 2026.
A médica Ana Carolina Nasser, responsável técnica pela clínica Vaccini, relatou que, no início de abril, cerca de 15 mães adquiriram o imunizante por meio da unidade. Atualmente, a fila de espera pela vacina Beyfortus conta com 40 pessoas. Segundo ela, a alta procura também é observada em outras clínicas particulares da Capital.
Devido ao alto custo, a clínica optou por adquirir poucas doses inicialmente, sem saber qual seria a demanda. As famílias entram em contato, solicitam a vacina e fazem uma pré-reserva. Quando o lote chega, a empresa entra em contato e realiza a aplicação.
O último lote chegou a Campo Grande no dia 2 de abril e, dois dias depois, as doses já estavam esgotadas, inclusive as adquiridas a mais para manter em estoque. As próximas unidades pré-reservadas devem ser entregues até esta quinta-feira (17).
Ana Carolina explica que a bronquiolite provocada pelo VSR evolui rapidamente, sobretudo em bebês de 0 a 12 meses. Por isso, a vacina é indicada apenas para crianças com menos de um ano, já que o sistema imunológico nessa faixa etária ainda não está fortalecido, o que aumenta o risco de agravamento e internação.
“O vírus causa uma doença respiratória muito importante, que inclui tosse, cansaço, chiado no peito e muita dificuldade para respirar”, alerta a médica. Ela acrescenta que a dificuldade respiratória é o principal motivo de internação. Segundo Ana Carolina, muitas mães ou responsáveis aguardam o surgimento de febre para procurar atendimento médico, mas o vírus evolui tão rapidamente que, quando a febre aparece, a doença já está em estágio grave e pode, inclusive, levar à morte.
Dados da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) indicam que, até a 14ª semana epidemiológica de 2025, três crianças menores de um ano morreram por SRAG em Campo Grande, uma delas por infecção por VSR. Em 2024, foram 12 óbitos ao longo do ano, mas até a mesma semana epidemiológica daquele ano, apenas uma morte havia sido registrada.
A reportagem entrou em contato com a SES (Secretaria de Estado de Saúde) para obter os dados estaduais, mas, até a publicação desta matéria, as informações sobre SRAG em Mato Grosso do Sul não haviam sido encaminhadas.
Em Campo Grande, 3.588 crianças com menos de um ano foram diagnosticadas com SRAG neste ano, conforme levantamento do Cievs (Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde). Dessas, 915 tiveram diagnóstico confirmado para VSR; 1.609 casos ainda não têm causa identificada, e 91 seguem em avaliação.
A vacina disponível atualmente nas clínicas é um anticorpo monoclonal. Ou seja, ao ser imunizado, o bebê adquire diretamente os anticorpos contra o vírus e não precisa de dose de reforço. Há ainda uma alternativa para gestantes, que podem receber outro imunizante durante a gravidez, repassando os anticorpos ao bebê. Essa vacina custa cerca de R$ 1,7 mil.
Ana Carolina Nasser informa que o Ministério da Saúde deve incluir as vacinas tanto para gestantes quanto para crianças com menos de um ano no calendário do SUS (Sistema Único de Saúde) a partir de 2026. Segundo ela, a medida pode reduzir significativamente os casos e internações por síndromes gripais graves.
Além dos bebês, os idosos também integram o grupo de risco para o VSR. Isso ocorre devido à imunossenescência, processo natural de envelhecimento do sistema imunológico, que reduz a eficácia da resposta imune.
O VSR é um vírus respiratório comum. Em adultos e crianças acima de um ano, costuma causar sintomas leves, já que o sistema imunológico está mais fortalecido. A maioria das pessoas se recupera em uma ou duas semanas. A vacina pode ser aplicada logo após o nascimento e, para crianças que pertencem a outros grupos de risco, é recomendada uma segunda dose.
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