Você já pensou a respeito do impacto da iluminação sobre o exercício físico? Em relação ao período do dia, as evidências reunidas com estudos que investigaram se o horário do dia influencia o grau de melhora no desempenho físico, no metabolismo ou resultados relacionados à saúde mostram um simples “se exercite quando puder”. Mas e em ambientes com iluminação artificial? Um novo estudo começou a iluminar os caminhos sobre o tema.
Ao passar por mais de 50 academias nos últimos anos, me exercitando a analisando os ambientes, percebi que as academias contemporâneas têm apresentado uma característica em comum: a baixa luminosidade. A tendência fica completa com som alto e luzes de neon, especialmente nas franquias de rede de academias. Até então, não se conheciam os efeitos da luminosidade sobre as respostas do corpo ao exercício físico. Minha hipótese era de que as luzes baixas poderiam ser negativas para nós praticantes, mas minha percepção estava errada, pelo menos sob a perspectiva fisiológica.
Um estudo foi realizado por pesquisadores do Laboratório de Hemodinâmica da Atividade Motora (LAHAM) da Universidade de São Paulo (USP), para investigar a questão. As respostas de pressão arterial e a recuperação cardiovascular pós-exercício foram investigadas. Para isso, 20 homens fizeram exercício em dois ambientes: um com alta (5 mil lux) e outro com baixa luminosidade (<8 lux), como em uma penumbra. Lux é a unidade de medida da intensidade luminosa. Em nossas casas, a luminosidade varia geralmente entre 100 e 200 lux, como no quarto e cozinha.

Como foi feito o estudo
Ao chegarem no laboratório, os participantes recebiam um lanche composto por duas barrinhas de cereal e 100 ml de água (o que foi feito para evitar possíveis variações na pressão), e ficavam deitados por 45 minutos expostos à luz baixa ou alta. Após esse período, levantaram-se e se sentaram na bicicleta ergométrica para pedalar em intensidade moderada durante 40 minutos, para posteriormente, voltar à posição deitada. Em todos esses momentos, foram medidas pressão arterial e frequência cardíaca.
Um fenômeno que ocorre após o exercício é a diminuição da pressão arterial, comparado ao período antes do exercício, o que chamamos de hipotensão pós-exercício. Essa é uma resposta positiva, especialmente em indivíduos hipertensos, que podem utilizar o exercício como forme de controle da pressão arterial. O efeito pode durar até horas após o treino, caracterizando o exercício como um remédio.

Alta ou baixa luz?
Entretanto, esse resultado foi observado somente na condição de luz fraca, pois a partir da exposição à alta luminosidade, houve aumento da sobrecarga do coração após o exercício, demonstrado pelos níveis de pressão arterial sistólica antes e depois do exercício.
A combinação exercício e luz intensa aboliu a diminuição da pressão arterial diastólica e média observada 30 minutos após o exercício e promoveu um aumento da pressão 60 e 90 minutos após o exercício, em média de 2 e 3 mmHg, respectivamente. Após 1 hora e meia do exercício, a pressão arterial média aumentou somente quando os praticantes estiveram sob fortes luzes. A pressão arterial reduziu após 30 minutos de exercício quando os participantes o fizeram em ambiente escuro.
Ainda, houve sobrecarga de trabalho cardíaco, avaliada pelo duplo produto – o produto da frequência cardíaca pela pressão arterial sistólica, no ambiente super claro.

Claramente as academias que utilizam baixa iluminação não o fazem pelo benefício aos praticantes conforme encontrado nessa pesquisa, pelo contrário, a tendência busca gerar desconforto para que os praticantes não permaneçam muito tempo no local, pois a busca incessante por lucro fala mais alto.
Se a luz intensa exercer efeito contra um benefício do exercício, podemos começar a repensar os ambientes de prática e suas características. Mas esse foi apenas o primeiro estudo na área e novas investigações precisam ser realizadas e publicadas para confirmar o resultado. Não sabemos se há impacto em medidas de praticantes de musculação, pois a investigação se deu somente com o exercício aeróbico e em homens.
Um aspecto que ainda precisa ser investigado é o conforto subjetivo dos praticantes, que a partir da perspectiva psicológica, pode apresentar diferenças interindividuais sob condições de diferentes níveis de luminosidade. Aguardemos novas luzes da ciência sobre o tema.
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