15 de abril de 2025

China compra recorde de soja brasileira em meio à guerra comercial com EUA

Ainda é cedo para saber quanto o aumento das tarifas dos Estados Unidos vai beneficiar produtos do Brasil

Entidades de MS veem com cautela compra recorde de soja brasileira pela China
Soja colhida em propriedade de Mato Grosso do Sul. (Foto: Governo de MS)

Ainda é cedo para afirmar quanto o Brasil e especialmente Mato Grosso do Sul podem ser beneficiados com a guerra comercial entre China e Estados Unidos. O setor agrícola do Estado vê com cautela a compra aparentemente maior que o comum do grão, feita pelo país asiático nesta semana.

Em meio à guerra comercial entre EUA e China, o país asiático intensificou a compra de soja brasileira, adquirindo 2,4 milhões de toneladas, quase um terço da média mensal processada. O Brasil já lidera as exportações de soja para a China, mas analistas afirmam que é cedo para prever uma substituição total da soja americana. A colheita da safra 2024/25 avança no Brasil, com Mato Grosso do Sul colhendo 96,4% da área. A valorização do dólar frente ao real impulsiona as exportações brasileiras. O movimento chinês é visto como uma oportunidade para o Brasil, apesar das incertezas tarifárias dos EUA.

O fato foi reportado pela Bloomberg, agência americana de notícias econômicas, que classificou a compra como uma “quantidade incomumente grande de soja brasileira” e de acordo com a agência, ao menos 2,4 milhões de toneladas do grão foram contratadas no início da semana. O movimento foi classificado como “excepcionalmente grande e rápido”.

A reportagem procurou a Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul) e a Aprosoja/MS (Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul) para comentarem a compra, mas a resposta é de que não é possível fazer uma análise no momento. “Acho difícil falar se vai, ou não, nos prejudicar. Devemos aguardar um pouco mais para saber”, disse o presidente da Famasul, Marcelo Bertoni.

Através da assessoria de imprensa, a entidade afirmou que qualquer cenário previsto seria especulação e que um quadro real só poderá ser analisado em maio, quando os números da balança comercial de abril estarão disponíveis. A Aprosoja/MS, por sua vez, não se manifestou.

Na avaliação do presidente da Fiems (Federação das Indústrias de MS), Sérgio Longen, a conjuntura pode abrir portas para o Estado. “Embora essas taxas comprometam alguns setores, há oportunidades que podem ser construídas com essa sobretaxa americana sobre os produtos chineses”, declarou.

Longen acredita que setores estratégicos da economia sul-mato-grossense poderão ganhar competitividade, à medida que a China busca alternativas aos produtos americanos. “Esperamos avaliar de forma mais clara quais setores serão positivamente impactados, mas acredito que o Brasil pode se beneficiar”, concluiu.

Atualmente, o Brasil já lidera as exportações de soja para a China, seguido pelos Estados Unidos — país que destina cerca de metade da sua produção exportada ao mercado chinês. Ainda assim, analistas do setor afirmam que, apesar da movimentação atípica, é cedo para prever uma substituição total da soja americana pela brasileira.

Isso porque há uma divisão natural no abastecimento global: a safra brasileira predomina no primeiro semestre do ano, enquanto a americana entra com mais força no segundo semestre.

Dados do governo federal indicam que, até 21 de março, o Brasil exportou 10,25 milhões de toneladas de soja — um salto de 59,5% em relação a fevereiro. A média diária de embarques também cresceu 25,2% na comparação anual.

A movimentação da China é vista com interesse por lideranças políticas e empresariais no Brasil. O governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB), afirmou que ainda é cedo para avaliar os impactos da guerra comercial, mas reconheceu o “chacoalhão global” no comércio internacional. “Algumas cadeias produtivas vão ser afetadas, e com certeza vão surgir grandes oportunidades para outras áreas da economia”, afirmou.

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