O governo da China anunciou nesta quinta-feira, 10, que irá restringir imediatamente importações de filmes de Hollywood, em resposta à decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de elevar para 125% as tarifas americanas sobre produtos chineses.
Segundo a Administração Nacional de Cinema da China, o aumento de tarifas prejudicaria ainda mais a demanda interna por cinema americano, já em declínio. “Seguiremos as regras do mercado, respeitaremos as escolhas do público e reduziremos moderadamente o número de filmes americanos importados”, disse o órgão em um comunicado.
Os filmes de Hollywood representam apenas 5% da receita total de bilheteria no mercado chinês. A China já tributa essa pequena quantia em 50% antes que qualquer receita retorne aos EUA, segundo análise da agência de notícias Reuters.
Em 1994, a China começou a importar 10 filmes americanos por ano por meio do modelo de distribuição de receita compartilhada, transformando o país no segundo maior mercado cinematográfico do mundo. No entanto, nos últimos anos, com o florescimento da cultura do entretenimento local, o entusiasmo do público chinês pelos filmes de Hollywood diminuiu — a animação chinesa Ne Zha 2, lançada no início deste ano, por exemplo, se tornou a maior bilheteria do mundo em filmes de animação, com uma arrecadação que já passa de 2 bilhões de dólares, superando Divertida Mente 2, da Pixar.
Na lista de maiores bilheterias da China, apenas um filme importado está entre os 20 primeiros: “Vingadores: Ultimato”, com uma receita de 4,25 bilhões de yuans (US$ 579,83 milhões). Os demais filmes entre os 20 primeiros são todos produções nacionais.
“Fracasso” para os EUA
Mais cedo, também nesta quinta, o Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que a guerra comercial travada por Donald Trump com Pequim “terminará em fracasso” para Washington, pouco depois do republicano anunciar que irá elevar para 125% as tarifas sobre produtos chineses. A decisão de Trump de elevar as tarifas ocorre após o Ministério das Finanças da China anunciar taxas adicionais de retaliação de 84% sobre produtos importados dos EUA a partir desta quinta-feira.
+ Trump pausa tarifas por 90 dias, mas eleva para 125% taxas sobre a China
Na quarta-feira, já havia entrado em vigor tarifas de 104% de Washington sobre Pequim, como anunciado na véspera pela secretária de Imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, seguindo as ameaças de Trump de pressionar com mais 50% caso a China não voltasse atrás em medidas retaliatórias, o que não aconteceu. Os novos 50% de tarifas se somariam aos 20%, implementados em março, e os 34% anunciados na semana passada, chegando ao total de 104% — agora elevados a 125%.
Ao mesmo tempo, o republicano disse que irá aplicar uma pausa de 90 dias em novas tarifas na guerra comercial, com exceção da China, e os impostos serão reduzidos a 10% para todos.
Após o anúncio da pausa repentina nas tarifas, as bolsas globais, que antes estavam em queda, se recuperaram. As ações de Taiwan subiram 9,2% no início das negociações na quinta-feira, enquanto o índice Hang Seng de Hong Kong subiu 2,69% e o índice composto de Xangai saltou 1,29%. No Japão, o Nikkei 225 subiu 7,2%, e, em Seul, o Kospi subiu mais de 5%. Na Austrália, o ASX 200 saltou mais de 6%.
A China prometeu “lutar até o fim” e acusa os Estados Unidos de praticarem unilateralismo, protecionismo e intimidação econômica com a imposição de tarifas adicionais sobre produtos chineses. Lin Jian afirmou que a postura americana de colocar seus próprios interesses acima das regras internacionais prejudica a estabilidade da produção global e da cadeia de suprimentos, além de comprometer a recuperação econômica mundial.
Trump, por sua vez, afirmou que a China “quer fazer um acordo, eles simplesmente não sabem como fazer isso”. “Eles são pessoas orgulhosas. O presidente Xi [Jinping] é um homem orgulhoso. Eu o conheço muito bem. Eles não sabem muito bem como fazer isso, mas vão descobrir”, disse o presidente americano.
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