17 de abril de 2025

No GPA, Tanure, Ferri e até Banco Master atuam por cadeiras no conselho

No mesmo dia em que Daniel Vorcaro celebrou a venda de 58% de suas ações no Banco Master para o BRB, em uma operação que está sob escrutínio do Banco Central, o Master atuou sem alarde para mover os ponteiros em outra companhia: o GPA, grupo dono das redes Pão de Açúcar e Extra.

Naquela sexta-feira, 28 de março, um fundo investido pelo Master, o Saint German, encaminhou ao conselho do GPA uma proposta para trocar grande parte do board, cujo mandato iria até meados do ano que vem.

O Saint German, que é citado nos relatórios gerenciais do Banco Master, sendo o único cotista do veículo, detém cerca de 3% das ações da varejista e tem direito a convocar uma assembleia de acionistas, que está marcada para o fim deste mês.

A ação do fundo Saint German foi coordenada com três acionistas relevantes do grupo varejista: Nelson Tanure, Ronaldo Iabrudi e a varejista francesa Casino. Com o acordo entre os acionistas mais relevantes – o trio soma cerca de 40% dos papéis – tudo caminhava para uma pacificação na governança do GPA.

Mas o investidor Rafael Ferri, que foi um dos fundadores do TC, promete entrar na disputa por uma das cadeiras do board, frustrando os planos do trio. Ferri detém cerca de 1,5% das ações do GPA e se articula com outros investidores para juntar pelo menos 8% de participação, o que lhe daria condições de pleitear uma ou duas cadeiras no colegiado – sendo uma ocupada pelo próprio investidor, disse Ferri ao InvestNews.

Os indicados

Rafael Ferri formalizou no início desta semana a sua candidatura ao conselho do GPA. Mas o grupo ainda não comunicou ao mercado.

Hoje, entre os nomes indicados oficialmente, três já fazem parte do atual conselho: Ronaldo Iabrudi (que seria mantido e passaria a ser o chairman), Christophe José Hidalgo (como vice-presidente) e Marcelo Pimentel, atual CEO do grupo.

Os outros seis nomes indicados para compor o conselho como membros são:

  • Helene Esther Bitton (ligada ao Casino);
  • Rodrigo Tostes (ligado a Tanure);
  • Pedro de Moraes Borba (ligado a Tanure);
  • Líbano Miranda Barroso (ligado a Iabrudi);
  • Eliana Ambrósio Chimenti (advogada);
  • Sebastián Dario Los (ex-CEO do Cencosud Brasil).

Master, Tanure e GPA

Não é novidade no mercado que Vorcaro e Tanure atuam em conjunto em muitos investimentos. A novidade é o GPA ser mais um dos ativos estressados que compõem a carteira do Master.

Em processo de turnaround, o grupo dono do Pão de Açúcar enfrenta um desafio comum – e difícil – ao que vivem outras empresas do varejo: juros altos e controle da dívida. No ano passado, o GPA registrou prejuízo líquido de R$ 2,41 bilhões, ainda pior que os R$ 2,27 bilhões de prejuízo registrado em 2023. Em 12 meses, os papéis sobem 20%; em um intervalo maior, de cinco anos, a queda supera os 90%.

A troca no conselho da varejista chega em um momento estratégico: Tanure vem ampliando sua participação na companhia e articulando apoios para aumentar sua influência no controle do GPA, com planos de eventualmente promover uma fusão com o supermercado Dia, que adquiriu em dezembro de 2024.

O empresário estaria em conversas com o Casino, maior acionista do GPA com participação de 22,5%, buscando apoio para sua estratégia no curto prazo, segundo informou a coluna Pipeline. O grupo francês, que passa por reestruturação financeira, já classificou o GPA como “ativo para venda” em seu balanço.

(Colaborou Lucinda Pinto)

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