Mais de 110 skatistas de diferentes regiões participaram de campeonato que premiou campeões com R$ 1 mil

Na noite de domingo, o Parque das Nações Indígenas virou palco para algo além de manobras radicais. Com plateia lotada e dezenas de artistas em cena, o skate sul-mato-grossense mostrou a força que tem durante o Festival Campão Cultural. Com mais de 110 inscritos de várias partes do Estado, incluindo Bonito, Dourados, Três Lagoas, Naviraí, Aquidauana e Ponta Porã, o evento se foi ato de lazer, cultura e, principalmente, resistência.
A premiação de R$ 1 mil para os vencedores das categorias amador e feminino animou, mas o clima ali não foi de rivalidade, e sim de celebração.
“É um evento de extrema importância porque o skate não tem visibilidade. Muitas pistas estão abandonadas. Aqui, a gente mostra a nossa cultura pra sociedade, para as crianças e famílias”, resume Elio Ângelo, organizador do campeonato.
Elio destaca que é a segunda vez que o skate entra no cronograma do Campão Cultural e que, pela estrutura e alcance, nunca houve um campeonato desse porte em Campo Grande com inscrição gratuita e o mesmo nível de valorização.
“São quatro categorias: mirim, iniciante, feminino e amador. Vieram representantes de muitas cidades do Estado e isso mostra o quanto o skate é forte aqui”, reforça.
Para quem vive sobre rodas há mais tempo, o momento também foi de reconhecimento. Fred Almeida Campos, de 38 anos, pratica o esporte há 25.

“Campo Grande é uma cidade conhecida no cenário nacional. Temos nomes fortes, como Pedro Henrique e o Eduardo Gomes, que é o nosso profissional mais novo. A galera anda bem, mas falta incentivo. O skate ainda é visto com muito estigma. Muita gente não entende a importância dele na vida das pessoas”, comenta.
Fred pontua que, mais do que um esporte, o skate é uma linguagem que une referências estéticas, culturais e sociais. “O que importa aqui não é quem ganha ou perde. É reencontrar os amigos, trocar experiências, fazer parte de algo. A gente se conecta com outras culturas, outras cidades, com música, com vídeo, com estilo. É o nosso estilo de vida”, finaliza.
Esse sentimento de pertencimento também é compartilhado por Carina Vilalba, de 32 anos, que acompanha a cena há 15 anos e viu de perto a transformação do skate feminino.
“Hoje a gente já conseguiu ocupar mais espaço. Quando comecei era bem difícil. Tinha preconceito até dentro de casa. A gente não conseguia andar em paz. Agora, tem meninas que representam a gente em vários lugares, existe mais visibilidade. Ainda tem muito pra conquistar, mas evoluímos muito”, avalia.

Quem também marcou presença foi Clodoaldo Souza, de 42 anos, que veio de Rondônia e está há cerca de 2 anos em Campo Grande. Ele morou por um período em países da Europa passou pela Europa e garante que em toda parte o skate é uma irmandade com linguagem universal.
“A única diferença de um lugar pro outro é a língua. Cheguei em Madri, não conhecia ninguém, e em pouco tempo já tinha onde ficar, amigos pra andar. Aqui foi a mesma coisa. O skate é família, é inclusão”, diz. Apesar do acolhimento, ele reforça que ainda falta estrutura para praticar o esporte.
“Aqui mesmo, no parque, a iluminação deixa a desejar. A gente tem que correr atrás demais e é preciso agilidade do poder público para garantir o crescimento da cena”, acrescenta.
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