7 de abril de 2025

Novo Nordisk anuncia R$ 6,4 bi para fabricar Ozempic e outros remédios no Brasil

Ozempic (Foto: Joel Saget/AFP/Getty Images - Via Bloomberg)
Ozempic (Foto: Joel Saget/AFP/Getty Images – Via Bloomberg)

A Novo Nordisk, que produz medicamentos como o Ozempic, anunciou nesta segunda-feira (7) investimentos de R$ 6,4 bilhões para expandir sua unidade de produção em Montes Claros (MG) e aumentar a capacidade de fabricação de medicamentos injetáveis para tratamento de obesidade, diabetes e outras doenças crônicas graves.

“O Brasil é um país super estratégico para a companhia”, afirmou o vice-presidente corporativo da fábrica da Novo Nordisk em Montes Claros, Reinaldo Costa.

Segundo ele, a produção brasileira é exportada para mais de 70 países. O Brasil também está entre os cinco maiores mercados da farmacêutica, que vende para aproximadamente 170 países.

Produção de semaglutida

A fábrica, que atualmente já responde por um quarto da insulina produzida pela Novo Nordisk, atenderá a diversos formatos de produtos. Isso inclui os produtos GLP-1, como a semaglutida, princípio ativo do Ozempic e Wegovy, ambos desenvolvidos pela farmacêutica dinamarquesa e usados no tratamento de doenças crônicas, como diabetes tipo 2 e obesidade.

“Nós vamos, efetivamente, construir uma nova fábrica nessa mesma área… de 74 mil m2… com tecnologia de ponta”, afirmou Costa, acrescentando que a capacidade de produção terá “um aumento considerável e significativo”, mas sem detalhar números. A fábrica atual tem um espaço de 64 mil m2.

A companhia afirmou que as obras de construção já começaram e as operações devem ter início em 2028.

“Com essa nova expansão, estamos trazendo o que é de mais inovador da Novo em termos de produtos… Continuamos fazendo os produtos atuais, mas também estamos trazendo produtos inovadores da Novo para o Brasil”, acrescentou.

A nova instalação prevê a adição de novos processos de produção asséptica, um almoxarifado e um novo laboratório de controle de qualidade. Espera-se que o investimento gere 600 empregos permanentes após a conclusão das instalações. Atualmente, são cerca de 1.800 funcionários na unidade. 

“Com esta expansão…estamos fortalecendo nossa capacidade global de produção, o que nos permitirá atender tanto à demanda atual quanto à futura por medicamentos inovadores em todo o mundo”, disse o vice-presidente executivo de química, produção, controle & suprimento da Novo Nordisk, Henrik Wulff, em comunicado à imprensa.

Presença no Brasil

Em 2024, a empresa anunciou investimentos de R$ 1,364 bilhão para a fábrica mineira, onde a Novo Nordisk produz desde 2021 a enteroquinase, enzima essencial para a fabricação de ingredientes farmacêuticos ativos para análogos de GLP-1, e desde 2008 a ALP, enzima usada na produção da insulina.

Além da fábrica em Minas Gerais, inaugurada em 2007, a Novo Nordisk também tem uma sede administrativa em São Paulo (SP) e um centro de distribuição em  São José dos Pinhais (PR).

A cerimônia de anúncio dos novos investimentos nesta segunda-feira contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do CEO global da Novo Nordisk, Lars Jørgensen.

“Nosso compromisso de longo prazo com o Brasil continua”, afirmou Jørgensen no evento.

Patente

O investimento foi anunciado em um momento em que farmacêuticas brasileiras se preparam para entrar com força no segmento do Ozempic.

No final de março, executivos da farmacêutica brasileira Hypera afirmaram que a companhia planeja lançar no Brasil um medicamento baseado no princípio do Ozempic assim que a patente do medicamento cair em março do ano que vem no país.

Reinaldo Costa, da Novo Nordisk, afirmou que a empresa não vê a expiração da patente no Brasil no próximo ano (e em outros países, no futuro) com preocupação, explicando que se trata de um processo normal da indústria farmacêutica.

“A mensagem importante é que nós nos consideramos uma empresa pioneira focada em inovação, então, tendo essa possibilidade, sendo uma empresa pioneira e inovadora, estar no mercado com esse produto antes é muito importante para gente”, afirmou. “Não vemos isso como uma preocupação.”

No caso específico no Brasil, ele reforçou que a fábrica é uma das mais estratégicas da empresa no mundo, atende ao mercado brasileiro, mas também ao mercado internacional, e “essa direção estratégica se mantém com essa expansão.”

“A decisão de fazer o investimento não está relacionada com a patente em si, porque fazemos parte de uma rede global de fabricação… Uma vez que está aumentando a demanda de produtos da Novo no mundo inteiro, temos a necessidade de aumentar a capacidade produtiva nessa rede global”, reforçou.

O executivo também minimizou potenciais efeitos da guerra comercial global desencadeada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Ele afirmou que a Novo Nordisk tem uma fábrica muito grande nos EUA, que também está sendo expandida, enquanto aquele país não faz parte do destino dos produtos fabricados no Brasil.

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