7 de abril de 2025

Extrema direita unida: Trump oferece apoio a Le Pe…

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, usou suas redes sociais na noite de quinta-feira 3 para oferecer seu total apoio à líder da extrema direita francesa, Marine Le Pen. Condenada no início da semana por estar no centro de um esquema de desvio de verba pública da União Europeia, ela foi declarada inelegível por cinco anos e, portanto, barrada das eleições presidenciais de 2027 na França. Desde então, tem emprestado algumas páginas do manual de discurso dos perseguidos, que o chefe da Casa Branca praticamente escreveu enquanto era alvo de quatro processos criminais – todos uma “caça às bruxas” contra sua pessoa, claro.

“A caça às bruxas contra Marine Le Pen é outro exemplo de esquerdistas europeus usando guerra jurídica para silenciar a liberdade de expressão e censurar seu oponente político, desta vez chegando ao ponto de colocar esse oponente na prisão”, escreveu Trump em sua plataforma, a Truth Social.

Ele continuou: “Eu não conheço Marine Le Pen, mas aprecio o quanto ela trabalhou duro por tantos anos. Ela sofreu perdas, mas continuou, e agora, pouco antes do que seria uma grande vitória, eles a pegam por uma acusação menor da qual ela provavelmente não sabia nada – parece um erro de ‘contabilidade’ para mim. É tudo tão ruim para a França e para o grande povo francês, não importa de que lado eles estejam. LIBERTEM MARINE LE PEN!”

Mesmo que tenha sido legítima, a condenação ganhou contornos altamente controversos, uma vez que Le Pen era a favorita para o pleito de 2027 – que seria sua terceira corrida presidencial. De acordo com pesquisa divulgada antes do veredito, ela tem 37% das intenções de voto, dez pontos a mais que qualquer outro pré-candidato.

O caso

A deputada extremista foi considerada culpada, na segunda-feira 31, pelo uso indevido da verba do Parlamento Europeu reservada exclusivamente para despesas com as funções dos deputados. Le Pen, que lá teve assento entre 2004 e 2016, passou onze desses doze anos usando o dinheiro que lhe coube para financiar o RN em casa.

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Outros oito eurodeputados e doze assessores foram condenados pelo desvio de 4,1 milhões de euros. Além da proibição de concorrer a cargos públicos, ela recebeu multa de 100 mil euros. Uma pena de prisão de quatro anos, dos quais dois serão suspensos e os outros dois, cumpridos em regime domiciliar com tornozeleira eletrônica, ainda aguarda recurso para ser executada.

O tribunal foi muito claro que este não é apenas um erro de “contabilidade”. Não que isso importe a Trump.

Le Pen logo disparou que se trata de “perseguição”, uma “ditadura dos juízes”, seus aliados disseram que a democracia francesa “foi executada”, enquanto ela prometeu lutar até o último recurso contra a sentença. O tribunal de apelações deve acelerar o recurso para que um veredito possa sair em meados de 2026, cedo o suficiente para permitir que ela participe da votação de 2027 se for bem-sucedida.

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Os inflamatórios pitacos de Trump

Os ataques ao sistema judiciário francês, que alimentam a narrativa de Le Pen, vêm em um momento de crescentes tensões entre França e Estados Unidos, após sinais de que até mesmo o chefe do Eliseu, Emmanuel Macron, que tentou se aproximar de Trump, está perdendo a paciência com o presidente americano em meio à sucessão de crises nas áreas de política externa, de defesa e econômica. Visivelmente frustrado, Macron chegou a sugerir na quinta-feira que empresas francesas deveriam suspender seus investimentos nos Estados Unidos até que haja mais clareza sobre os tarifaços.

Os comentários de Trump também vêm num momento oportuno para a extrema direita, antes de uma manifestação convocada pelo partido de Le Pen, o Reagrupamento Nacional (RN) em Paris no domingo, 6, com o objetivo de “salvar a democracia francesa” e mostrar apoio à líder do movimento extremista. Ela deve discursar no evento ao lado de seu aliado — e possível plano B para a corrida presidencial de 2027 — Jordan Bardella, pupilo que colocou na chefia do RN, bem como Louis Aliot, o prefeito de Perpignan, que vem sido descrita como um “laboratório da extrema direita”.

Uma parte da esquerda francesa também está preparando um contraprotesto.

Enquanto isso, juíza que presidiu o julgamento de Le Pen, Bénédicte de Perthuis, especialista em crimes financeiros, precisou receber proteção extra, incluindo patrulhas aumentadas e rondas regulares em sua casa, após receber ameaças, segundo a agência de notícias AFP.

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