O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acusou seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, de tentar “desistir” de assinar um acordo para dar acesso privilegiado a Washington sobre os depósitos minerais considerados “críticos” no subsolo de seu país. O pacto faz parte das cobranças do republicano por algum tipo de compensação pelos 190 bilhões de dólares (em sua conta seriam mais de 500 bilhões de dólares) destinados a fortalecer as tropas ucranianas no campo de batalha.
“Ele está tentando desistir do acordo de terras raras e se fizer isso, terá alguns problemas, grandes, grandes problemas”, disse Trump a repórteres a bordo do Air Force One.
A versão mais recente do acordo de minerais daria aos Estados Unidos acesso ao petróleo, gás e minerais da Ucrânia por meio de um fundo de investimento conjunto, que dividiria a receita entre os dois países.
Zelensky disse na sexta-feira que não assinaria o acordo se ele ameaçasse a potencial adesão da Ucrânia à União Europeia, já que surgiram relatos de que os termos poderiam ir contra as regras de soberania econômica do bloco.
O fundo
Os Estados Unidos e a Ucrânia estabeleceriam um Fundo de Investimento de Reconstrução para coletar e reinvestir receitas de fontes ucranianas, incluindo minerais, hidrocarbonetos e outros materiais extraíveis. Kiev contribuiria para o fundo com 50% da receita, subtraindo despesas operacionais, até que as contribuições atinjam a soma de 500 bilhões de dólares. Washington, por sua vez, estabeleceria um compromisso financeiro de longo prazo para o desenvolvimento de uma “Ucrânia estável e economicamente próspera”.
Dos 50 minerais considerados críticos para os Estados Unidos, a Ucrânia tem mais de 20 espalhados pelo seu território.
+ Por que o governo Trump quer os minerais da Ucrânia?
Um fator que preocupa os céticos é o fato de os dados geológicos da Ucrânia serem baseados em mapas datados da extinta União Soviética (1922-1991). Não se sabe, portanto, o quão acessíveis serão as 17 terras-raras do país, como são chamados subconjuntos de minerais críticos que costumam aparecer em baixas concentrações, o que dificulta o processo de extração.
A China, por sua vez, já domina a técnica e está por trás de 90% do processamento global desses recursos. Tais elementos — como lítio, cobalto e níquel, que podem ser usados em eletrônicos de consumo, infraestrutura de energia verde e equipamentos militares — também pairam sobre a guerra comercial de Trump, principalmente agora que ele aplicou uma tarifa de 10% a todas as importações chinesas.
Entre os minerais críticos em solo ucraniano estão o itérbio e o lantânio. O primeiro é usado em lasers infravermelhos, reações químicas, baterias recarregáveis e fibras ópticas, ao passo que o segundo está presente em baterias, vidros especiais e no refino de petróleo. O país também conta com depósitos de titânio, usado em dispositivos aeroespaciais, marítimos e médicos; lítio, vital para baterias; urânio, empregado para energia nuclear, equipamentos médicos e armas; além de grafite e manganês, utilizados em baterias de veículos elétricos.
Moscou também iniciou discussões com Washington sobre seu próprio acordo de terras-raras e minerais, anunciou o Kremlin.
“Os metais de terras-raras são uma área importante para cooperação e, é claro, iniciamos discussões sobre vários metais de terras-raras e projetos na Rússia”, disse Kirill Dmitriev, chefe do fundo soberano da Rússia.
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