

A mineradora global Rio Tinto está em conversas com o governo da República Democrática do Congo (RDC) para desenvolver uma das maiores jazidas de lítio em rocha dura do mundo, reforçando seu interesse no metal essencial para baterias de veículos elétricos.
Segundo fontes próximas ao assunto, as discussões recentes com autoridades congolesas giraram em torno da participação da Rio Tinto no projeto Roche Dure, ainda em fase inicial. Não há garantias, porém, de que as negociações resultem em um acordo.
Caso avance, o investimento de uma gigante ocidental como a Rio Tinto seria um trunfo para o Congo, que busca reduzir a hegemonia chinesa em seu setor mineral estratégico. Paralelamente, o país africano mantém conversas preliminares com o governo dos EUA sobre um possível acordo de troca de minerais por apoio militar no combate a rebeldes apoiados por Ruanda no leste do território.
Se concretizado, o negócio marcaria uma expansão da atuação da Rio Tinto em jurisdições consideradas de alto risco. A empresa já opera em países complexos, como Guiné e Mongólia, mas entrar no Congo a distanciaria ainda mais de sua principal concorrente, a BHP, que tradicionalmente prefere regiões mais estáveis.
A Roche Dure, inicialmente mapeada pela australiana AVZ Minerals, também atrai outros interessados. A KoBold Metals, startup de prospecção apoiada por bilionários como Bill Gates e Jeff Bezos, manifestou em janeiro ao governo congolês seu desejo de desenvolver o projeto — desde que resolvidas as disputas pela licença de exploração.
Há a possibilidade de KoBold e Rio Tinto formarem uma parceria para operar a mina, segundo algumas fontes, mas ambas avaliam o projeto independentemente.
Conflito pela licença
A área cobiçada, próxima a Manono (sudeste do Congo), é alvo de uma batalha judicial. A AVZ, que teve sua licença cancelada em 2023 pelo governo — que repassou parte do território à chinesa Zijin Mining —, entrou com arbitragem para reaver o direito. A empresa chegou a planejar uma mina com capacidade para produzir 700 mil toneladas de concentrado de lítio ao ano, o que a tornaria a maior do tipo fora da Austrália.
Enquanto rivais como BHP e Glencore evitam o lítio, a Rio Tinto busca se consolidar na cadeia de suprimentos do metal. Aproveitando a queda nos preços causada pelo excesso de oferta, a empresa avança em projetos de baixo custo, como a aquisição da Arcadium Lithium por US$ 6,7 bilhões em 2023 e o desenvolvimento de jazidas na Sérvia e na Argentina.
Já a KoBold estuda outras oportunidades próximas à Roche Dure e propôs um acordo à Tantalex Lithium, que detém 70% de um joint venture com duas grandes licenças a sudoeste de Manono.
Rio Tinto, KoBold, AVZ e Tantalex se recusaram a comentar. O governo congolês não respondeu aos pedidos de informação.
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